“Não vemos no curto prazo hipóteses de inverter a tendência de subida do desemprego a não ser através do IDE [Investimento Direto Estrangeiro] com alguma dimensão, pois teria numa segunda fase efeitos muito positivos nas pequenas e médias empresas que gravitariam à sua volta”, disse o economista, em Lisboa.
Ferraz da Costa, que falava à saída de uma audiência com o Presidente da República, Cavaco Silva, a quem entregou as conclusões do trabalho sobre o “IDE em Portugal – Atrair Capitais para Criar Emprego”, realizado pelo Fórum para a Competitividade, lamentou que “o Governo, em especial, e a Administração Pública, em muitos aspetos, não tem encarado esta tarefa como prioritária”.
“As nossas dificuldades estão bem evidenciadas no número relativamente elevado de projetos estrangeiros que se arrastam pelos diversos ministérios durante meses e, em alguns casos, durante anos”, explicitou, adiantando que esta queixa é corroborada pelos potenciais investidores que dizem: “Fala-se muito e faz-se pouco”.
A delegação do Fórum, da qual faz também parte o antigo ministro das Finanças João Salgueiro, entende que o problema existente para a falta de tração de IDE “não pode ser resolvido” por uma só pessoa.
“Temos falado com diversos membros do Governo com responsabilidades e, em alguns casos na nossa opinião, com responsabilidades mal exercidas nalgumas destas áreas”, salientaram os dois economistas.
O Fórum “está muito interessado” em que se atraia "investimento de qualidade em setores modernos" que ajudem Portugal a participar na construção do comércio internacional, nomeadamente da Alemanha, França, Noruega, Finlândia e da Suécia.
"É preciso fazer um esforço especial e ter uma atuação urgente", esclareceu ainda, destacando que "o insucesso relativo da atração do IDE em Portugal, que tem neste momento mais de 10 anos "não pode manter-se", pelo que o Fórum defende que seja criada "uma estrutura de comando" para atrair o IDE, mas diferente da que existe, isto é, a articulação entre os ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Economia, da Agricultura, do Ordenamento, do Território, do Ambiente, mais a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, mais as Finanças, que "não está a funcionar".
O Fórum advoga ainda que a captação de IDE, para que "seja rápida", deve também abranger "um número diversificado, mas limitado de setores e de países" e que, na maior parte dos casos, será necessário contactar diretamente as empresas e os setores que tiverem interesse.
A estabilidade fiscal e a simplificação de procedimentos, bem como a alteração do IRC são outros dos fatores que permitirão captar investimento direto estrangeiro de "qualidade e produtivo", frisou a delegação.