De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o défice orçamental das administrações públicas atingiu os 10,6 por cento no primeiro trimestre do ano, o que compara com um valor nominal do défice de 7,9 por cento registado no período homólogo de 2012.
Perante este dado, o deputado socialista Pedro Marques disse que se trata "de um falhanço rotundo de todas as metas, mesmo daquelas que foram revistas para o ano em curso".
"A revisão introduzida pelo Orçamento Retificativo já não foi pequena e mesmo assim o valor apurado pelo INE é quase o dobro da meta para o défice. O Governo vai começar a dizer que as receitas já começaram a melhorar, mas acontece que alguma receita que subiu tem a ver com o aumento brutal de impostos (mais de 30 por cento de subida do IRS) e provocou mais recessão, basta atender-se à queda do IVA. Não temos nenhuma boa razão para acreditar que venha aí uma recuperação", sustentou.
O deputado do PS defendeu depois que o valor verificado no primeiro trimestre deste ano indicia que a meta do défice não será cumprida no final do ano.
"Estes 10,6 por cento de défice são o fim de uma política. Tem que ser o fim de uma política", insistiu o dirigente socialista, antes de comparar o défice do primeiro trimestre de 2013 com o verificado em período homólogo de 2011.
"O primeiro-ministro dizia que vinha para o Governo para baixar o défice, mas este défice é muito superior ao que Pedro Passos Coelho encontrou em 2011", apontou o ex-secretário de Estado dos executivos liderados por José Sócrates.
Face aos resultados da economia portuguesa no seu conjunto, Pedro Marques advogou que, apesar da "teimosia" de Pedro Passos Coelho e do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, "o Governo vai ter rapidamente de mudar, ou terá de sair, manifestamente".
"Este número do défice é demasiado mau para ser verdade. Não acredito de todo que se possa chegar [aos 5,5 por cento de défice] no final do ano, a não ser com uma operação extraordinária que o Governo possa inventar. Do ponto de vista real, temos meio milhão de empregos destruídos em dois anos, uma dívida pública que aumentou 20 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) e um défice que não para de aumentar", acrescentou.