"A Refer era sobre esse ponto de vista um caso singular. Era o único caso onde o valor dos contratos aumentava em função da subida da taxa de juro. O gestor procura cobrir a subida da taxa de juro, não a descida, porque a descida já está coberta", afirmou o antigo secretário de Estado de Teixeira dos Santos no anterior Governo, sugerindo que estes iam contra a informação conhecida na altura.
Costa Pina, que se foi recusando ao longo da audição a falar sobre contratos individuais, acabou por fazer comentários aos contratos celebrados pela empresa gestora das redes ferroviárias, na qual a agora ministra das Finanças foi diretora financeira entre 2001 e 2007.
O antigo governante disse também que durante quatro trimestres não existiram dados relativos aos contratos celebrados pela Refer nos boletins trimestrais da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF).
"Nós temos a informação sobre a evolução do valor ‘mark to market’, do justo valor, dos contratos da Refer e das respetivas análises de sensibilidade da Refer nos respetivos trimestres, segundo e terceiro trimestre de 2011, e depois temos quatro trimestres em que a informação está a zero nos vários boletins trimestrais. O senhor deputado vai ao site e fica naturalmente surpreendido", afirmou perante os deputados da comissão de inquérito que analisa a celebração destes contratos ‘swap’ pelas empresas públicas.
Carlos Costa Pina mostrou ainda surpresa por ainda não ser conhecido o boletim trimestral da DGTF relativo ao primeiro trimestre deste ano, onde estão incluídas as perdas potenciais destes contratos.
No entanto, o último boletim trimestral, o relativo ao quarto trimestre, foi publicado apenas no final de abril, quatro meses após o fim do período a que a informação diz respeito.