“O caminho mais perto em termos ferroviários entre Lisboa e Madrid é pelo ramal de Cáceres, mas infelizmente tem-se investido pouco em ferrovia no nosso país e muito em rodovia”, disse hoje Paulo Fonseca, do GAFNA, em declarações à agência Lusa.
Para o representante do GAFNA, "a via está em bom estado de conservação, com infraestruturas relativamente boas e que não são aproveitadas", o considerou "uma estupidez”.
Paulo Fonseca adiantou que o GAFNA tem feito contactos com várias entidades no sentido de “manter aberta” a questão desta via ser “reaproveitada”, situação que “não está fácil” de resolver.
O ramal de Cáceres foi encerrado à exploração ferroviária a 15 de agosto de 2012, passando o comboio internacional Lusitânia Expresso a circular pela linha da Beira Alta, na sequência de uma decisão da Rede Ferroviária Nacional (REFER).
O encerramento do ramal, após orientações estabelecidas pelo Plano Estratégico dos Transportes (PET), foi bastante contestado por autarcas e sindicalistas de Portugal e Espanha.
O ramal de Cáceres tem 81,5 quilómetros e ligava Torre das Vargens, na Linha do Leste, à fronteira com Espanha na estação de Marvão-Beirã, seguindo depois até Madrid.
O GAFNA defende que o ramal de Cáceres deverá voltar a abrir para que sejam feitas ligações regionais e internacionais, incluindo o transporte de mercadorias entre os dois países.
“O ramal de Cáceres faz parte do caminho ferroviário mais perto entre o litoral centro de Portugal e Madrid, a maior área metropolitana da Península Ibérica, e deve servir para fazer essas ligações internacionais”, disse.
De acordo com Paulo Fonseca, a via poderia também ser aproveitada para a componente turística, nomeadamente entre as estações de Vale do Peso (Crato) e Beirã (Marvão), no distrito de Portalegre.
“A paisagem é linda, as estações são muito bonitas e deveria ser criado um serviço ferroviário turístico, mas, para isso, é preciso criar uma dinâmica e envolver várias entidades para captar fundos europeus”, defendeu.
“Se isso é feito em França, se isso se faz na Alemanha e Inglaterra, por que razão não se pode fazer por cá”, questionou.
Paulo Fonseca indicou ainda que a REFER tem efetuado ao longo do último ano uma manutenção “mínima” no ramal de Cáceres.
Para o GAFNA, esta situação poderá contribuir no futuro para, quando “houver uma outra ideia” de utilização do traçado, “minimizar” os custos de reativação do ramal.