Consumo de proteínas animais vai descer e de vegetais subir

O especialista em oceanos Tiago Pitta e Cunha defendeu hoje que o consumo de proteínas animais vai diminuir a favor das vegetais, como as algas, a par com a opção por mais peixe, devido às exigências das alterações climáticas.

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Lusa
25/09/2015 15:27 ‧ 25/09/2015 por Lusa

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"As algas vão fazer parte da dieta humana inevitavelmente, no futuro, e vamos consumir cada vez mais proteínas vegetais que animais", salientou Tiago Pitta e Cunha, realçando que a aposta irá para atividades sustentáveis na aquacultura e na pesca.

"A aquacultura, a fileira do pescado e da transformação do pescado são indústrias que se vão desenvolver" assim como a biotecnologia, disse à agência Lusa o especialista, explicando que as proteínas vegetais são mais sustentáveis e mais saudáveis e emitem menos dióxido de carbono, um dos principais responsáveis pelas alterações climáticas.

Tiago Pitta e Cunha falava a propósito da conferência sobre oceanos, integrada na iniciativa 'Riviera Talks', que se realiza em Cascais, no domingo e conta com a participação do príncipe Alberto II do Mónaco, além do coordenador do grupo de especialistas das Nações Unidas responsável pelo Relatório Global de Avaliação dos Oceanos, recentemente publicado, Alan Simcock, e da ambientalista Patricia Ricard.

A iniciativa pretende dar um contributo de reflexão acerca das mudanças do clima e do papel dos oceanos, oportuno quando faltam cerca de dois meses para a conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, agendada para dezembro, em Paris, com o objetivo de chegar a um acordo sobre este tema.

"Há um setor que se vai desenvolver muitíssimo e para o qual haverá uma procura global cada vez maior que é o ligado a todos os recursos vivos do mar, não no sentido de continuarmos a pescar de forma insustentável, mas no sentido de termos de corrigir a forma como capturamos os stocks pesqueiros e de desenvolver uma aquacultura sustentável", resumiu Tiago Pitta e Cunha.

Segundo dados que avançou, atualmente, cerca de 17% das proteínas animais e vegetais consumidas são de origem marinha, mas salientou não ter dúvidas de que, por causa da explosão demográfica - outro desafio fundamental - será necessária "maior segurança alimentar, de mais proteínas vegetais e animais".

"Não vamos chegar a 2050 com a mesma proporção de 80-20 [percentagens de proteínas de origem terrestres e marinha] que se vai desequilibrar muito para o lado das proteínas de origem marinha, principalmente por causa da história do clima", apontou.

Para o especialista, para combater as alterações climáticas, é necessário descarbonizar as sociedades e para isso há que apostar nas economias que descarbonizam e penalizar as que carbonizam.

As proteínas de pescado e das algas "consomem CO2", explicou, enquanto, no consumo de carne, "o gado bovino é um dos principais emissores de CO2 [dióxido de carbono]" e também "consome recursos hídricos a uma escala incompatível com a escassez desses recursos", que será mais acentuada devido às alterações climáticas.

Por isso, não tem dúvidas que dentro de 10 anos o consumo de carne vai diminuir e o de pescado e algas vai aumentar.

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