O Ison, que foi avistado pela primeira vez em Setembro do ano passado por astrónomos russos, é um cometa especial que vem da nuvem de Oort, uma camada que rodeia todo o Sistema Solar e que, acreditam os cientistas, é formada pelos restos da nebulosa que deu lugar ao Sol e aos planetas, há cerca de 4.600 milhões de anos.
Em declarações à agência Lusa, o director do Departamento de Mediação Científica do CAAUL, João Retrê, referiu que, quando o cometa passar, "o ponto da sua órbita mais perto do Sol será extremamente difícil" de observá-lo a partir da Terra, mesmo recorrendo a telescópios.
João Retrê explicou que, devido à proximidade do cometa com o "astro-rei", o brilho do Ison "será ofuscado pelo brilho do Sol, perdendo o contraste relativamente ao brilho de fundo do céu".
A aproximação do cometa ao Sol poderá culminar na sua explosão ou, caso contrário, poderá fornecer aos cientistas pistas sobre a sua formação.
Na sua viagem até à periferia do Sol, o cometa estará a 1,8 milhões de quilómetros do "astro-rei" e atingirá uma temperatura de cerca de cinco mil graus.
O director do Departamento de Mediação Científica do CAAUL adiantou que, se o Ison não for "destruído pelas forças gravitacionais a que estará sujeito na sua passagem pelo periélio [ponto da órbita do cometa mais perto do Sol], poderá ser observado durante grande parte da noite a partir, aproximadamente, de meados de Dezembro e durante Janeiro".
A melhor altura para tentar observá-lo a olho nu, ou com equipamentos, será no início de Dezembro, a leste, antes do nascer do Sol.
"A partir da segunda quinzena de Dezembro, o brilho do cometa terá diminuído tanto que só o conseguiremos observar recorrendo ao auxílio de telescópios ou binóculos", sustentou João Retrê.