"Ao amanhecer [de quinta-feira], homens armados que estavam numa carrinha de caixa aberta abriram fogo, por três ocasiões, contra civis e as tropas francesas. Após a terceira vez, as forças francesas retaliaram e destruíram o veículo", indicou um porta-voz do Estado-maior do exército francês.
Este confronto ocorreu antes de o Conselho de Segurança da ONU ter autorizado, na quinta-feira, a intervenção de forças francesas na RCA em apoio a uma força pan-africana para restaurar a segurança na antiga colónia francesa.
A resolução, proposta pela França e aprovada por unanimidade, autoriza os soldados franceses na RCA a "tomarem todas as medidas necessárias para apoiar a Misca (força africana na RCA) no cumprimento do seu mandato".
Poucas horas depois da aprovação do Conselho de Segurança, o Presidente francês, François Hollande, anunciou uma ação militar "imediata" das forças francesas na RCA.
Numa curta declaração transmitida na televisão, Hollande afirmou que "a intervenção francesa será rápida" e "não será desenvolvida para demorar".
A RCA, país com 4,5 milhões de habitantes, mergulhou no caos desde o golpe de Estado de março realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na minoria muçulmana, que afastou do poder o Presidente François Bozizé.
Os Médicos Sem Fronteiras indicaram hoje, a partir de um balanço desenvolvido pela missão da organização destacada naquele país, de que pelo menos 92 mortos e 155 feridos, por armas brancas ou tiros, deram entrada num hospital de Bangui desde o início de uma vaga de homicídios registada na quinta-feira na capital centro-africana.
"Hospital comunitário: 155 feridos em dois dias, 92 mortos na morgue", indicou uma mensagem transmitida pela missão local da organização.
A organização não-governamental (ONG), que tem uma unidade médica e cirúrgica neste estabelecimento hospitalar da capital, não conseguiu esclarecer se os corpos registados na morgue eram vítimas que tinham sido mortas durante a noite ou se eram cadáveres que tinham sido abandonados nas ruas.
Tiros esporádicos de armas automáticas foram ouvidos durante a noite de quinta para sexta-feira em vários bairros da capital, segundo os testemunhos de alguns habitantes contactados pela agência France Press.