Kim Jong-un manda executar tio e promove purga sem precedentes
Em menos de uma semana, o antigo "número 2" da Coreia do Norte foi demitido, preso, julgado e executado; a rapidez projecta o jovem Kim Jong-un como ""supremo líder", mas não abona muito a favor do seu país.
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Mundo Coreia do Norte
"Nunca vi nada como isto. As pessoas a quem tenho perguntado se se lembram de algo igual também dizem que não. É um caso sem precedentes na História recente", disse à televisão chinesa um ocidental residente há dez anos em Pyongyang.
"A mensagem é muito clara: o líder (Kim Jong-un) está ao leme. Não será tolerada qualquer alternativa ou dissidência", acrescentou.
Jang Song-thaek, 67 anos, tio de Kim Jong-un, foi executado por "traição", depois de um tribunal militar o considerar culpado de "crimes imperdoáveis", anunciou hoje a agência noticiosa oficial norte-coreana KCNA.
Casado com uma irmã de Kim Jong-il, anterior líder da Coreia do Norte e pai de Kim Jong-un, o general Jang Song-thaek emergiu há dois anos como a segunda figura do regime e uma espécie de "regente", enquanto o jovem Kim se iniciava na liderança do país.
Kim Jong-il, que também herdou o poder do pai, Kim Il-sung, morreu em dezembro de 2011.
Jang Song-thaek era secretário do Partido dos Trabalhadores da Coreia (comunista) e vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, a cúpula do poder na Coreia do Norte.
A KCNA descreveu-o hoje como "escumalha", "pior que um cão" e "traidor eterno", acusando-o de liderar uma "clique contra-revolucionária" e de preparar um "golpe" para derrubar Kim Jong-un.
"Quem ousar desafiar a absoluta autoridade e a liderança exclusiva do nosso querido marechal Kim Jong-un acabará com um imperdoável castigo de morte", noticiou a KCNA.
Kim Jong-un tem 30 anos e, aparentemente, a primeira e única dinastia comunista da História vai continuar.
Um irmão mais velho, Kim Jong-chol, de 32 anos, "dirigiu pessoalmente o grupo de soldados que prendeu Jang Song-thaek", disse um jornal chinês, citando um especialista da Coreia do Sul.
A irmã mais nova, Kim Yeo-jeoung, de 26 anos, também ascendeu na hierarquia, ocupando agora uma "importante posição" na Comissão de Defesa Nacional, refere o Global Times, jornal do grupo Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês.
A execução de Jang Song-thaek parece ter surpreendido a própria China, o único aliado de Pyongyang.
"A mudança de poder para o jovem Kim era esperada, mas aconteceu cedo demais e suscita preocupações acerca das suas capacidades, que ainda não foram testadas", disse Jin Qiangyi, director do Centro de Estudos Asiáticos de uma universidade chinesa, citado pelo Global Times.
Jang Song-thaek visitou a China no verão de 2012 e encontrou-se com o então presidente Hu Jintao
O governo chinês considera o caso "um assunto interno", mas vai lembrando que, "como vizinho amigo, a China deseja ver estabilidade, desenvolvimento económico e bem-estar da população na Republica Democrática e Popular da Coreia (nome oficial da Coreia do Norte)".
"É realmente assustador, mas, ao mesmo tempo, o dia-a-dia das pessoas não mudou", contou também o residente de Pyongyang ouvido pela televisão chinesa.
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