"Xanana Gusmão irá alterar a situação para depois aparecer em grande e implementar o plano de estratégico de desenvolvimento nacional, que, pelos vistos, não está a ser implementado como gostaria", afirmou Mário Carrascalão, também dirigente do Partido Social Democrata.
Para Mário Carrascalão, "uma coisa é certa", o atual primeiro-ministro não se vai demitir para ter "benefício próprio".
"Talvez seja uma forma de conseguir criar condições para conseguir realizar os sonhos dele para Timor de criar uma sociedade mais justa", disse.
Questionado pela Lusa se o anunciado abandono do cargo de primeiro-ministro estará relacionado com uma eventual incapacidade para fazer uma remodelação governamental, Mário Carrascalão disse que a alteração nunca foi feita por "falta de coragem".
No ano passado a imprensa timorense falou durante meses de uma remodelação, que acabou por não ser concretizada e que culminou com um retiro governamental para debater a execução do programa de Governo.
"A minha perceção é de que este Governo nunca teve objetivos definidos, com passos devidamente pensados e definidos no sentido de atingir o objetivo final, seguiu-se mais aquele sistema de vamos corrigindo à medida que vamos fazendo", disse.
No entanto, segundo Carrascalão, não houve correções, nem possibilidade de tomar medidas drásticas, o que atribui à falta de quadros dos partidos no Governo. "Se calhar este é o caminho para o tal governo de inclusão nacional", sublinhou o antigo governante timorense.
Para Mário Carrascalão, com a segurança garantida, o Governo tinha apenas de desenvolver o país, de "ter capacidade técnica para levar as coisas avante e os ministros não conseguiram isso".
"Ele (Xanana Gusmão) tem de criar outro modelo" e deve ter chegado "naturalmente chegado à conclusão que cometeu um erro ao criar um governo com mais de 50 elementos", disse Carrascalão.
Segundo o político timorense, Xanana Gusmão é um "homem de unidade nacional" e "não será ele a criar condições para tal não acontecer".
Sobre uma eventual data para a saída do primeiro-ministro, Mário Carrascalão não previu nenhuma, mas, disse, a "partir do momento que foi manifestado publicamente o desejo [de demissão] o processo vai entrar em andamento e os preparativos vão ser feitos".
Para a substituição de Xanana Gusmão, Mário Carrascalão disse que tudo depende daquilo do grau de associação com a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), que surpreendeu ao votar a favor do último Orçamento do Estado do governo timorense, aprovado no parlamento por unanimidade.
"Na parte burocrática e administrativa será talvez o Agio Pereira (atual ministro da Presidência do Conselho de Ministros) se sair fora do âmbito do CNRT, a pessoa mais indicada que vejo é o Rui Araújo da Fretilin, mas é da Fretilin, e agora depende do grau de associação", concluiu Carrascalão sobre a sucessão do primeiro-ministro.
Xanana Gusmão anunciou quinta-feira que vai deixar em breve o cargo de primeiro-ministro de Timor-Leste.
Em novembro, o primeiro-ministro timorense já tinha afirmado à agência Lusa que iria deixar o poder até 2015 para dar espaço para a geração mais nova assumir a liderança do país.