"Dos 24 dossiês de candidatura registados, oito foram selecionados para o processo de seleção para a presidência do Estado (...) todos os dossiês foram avaliados", disse, em declarações à comunicação social, o presidente da Comissão eleitoral especial responsável pela seleção dos candidatos, Blaise Fleury Otto.
Entre os candidatos aprovados figuram a atual presidente da câmara de Bangui (capital centro-africana), Catherine Samba Panza, bem como Sylvain Patassé e Désiré Kolingba, filhos dos Presidentes Ange-Felix Patassé, no poder de 1993 a 2003, e André Kolingba, de 1985 a 1993, respetivamente.
Outro dos candidatos à presidência de transição é Emile Gros Raymond Nakombo, um banqueiro próximo do ex-Presidente Kolingba, que recebeu o apoio de várias centenas de pessoas concentradas na sexta-feira em Bangui.
Após o anúncio da Comissão especial, todos os intervenientes do meio político da RCA (partidos, associações, entre outros), presentes no Parlamento, foram convidados a designar um representante para emitir um parecer sobre os oito candidatos, antes da eleição do presidente de transição, prevista para segunda-feira, pelos membros do Conselho nacional de transição (parlamento provisório).
A RCA, país com 4,5 milhões de habitantes, entrou numa espiral de violência intercomunitária e inter-religiosa desde o golpe de Estado de março de 2013 realizado pela coligação rebelde Séléka, dirigida por Michel Djotodia e com origem na minoria muçulmana, que afastou do poder o Presidente François Bozizé.
Djotodia tornou-se o primeiro Presidente muçulmano deste país maioritariamente cristão, mas demitiu-se na semana passada por pressão internacional por não conseguir travar os confrontos entre cristãos e muçulmanos.
A 05 de dezembro, as milícias de autodefesa cristãs, denominadas como 'anti-Balaka' e que até então atuavam sobretudo no oeste do país, lançaram uma ofensiva em Bangui contra posições da Séléka e em bairros muçulmanos.
O ataque provocou represálias dos ex-rebeldes contra a população maioritariamente cristã de Bangui. Desde então, mais de mil pessoas foram mortas.
As ações das milícias cristãs começaram antes das Nações Unidas terem autorizado a intervenção militar da França, em apoio a uma força pan-africana (Misca), para restabelecer a ordem e restaurar a segurança na antiga colónia francesa.
Em finais de dezembro, a Comissão Europeia divulgou que cerca de 600 mil pessoas tinham sido forçadas a abandonar as respetivas casas na RCA por causa da violência.