Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), estas mortes constituem uma "violação do direito fundamental das crianças à sobrevivência e ao desenvolvimento".
O relatório sobre a situação das crianças em 2012, divulgado hoje, revela que 15 por cento das crianças do mundo são colocadas a fazer trabalho que "compromete o seu direito à proteção contra a exploração económica e infringe o direito de aprender e de brincar que lhes assiste".
A UNICEF aponta outro exemplo de violação dos direitos das crianças, caso das 11 por cento de raparigas que casam antes dos 15 anos, ameaçando o seu acesso à saúde, educação e proteção.
Por outro lado, o documento refere "progressos notáveis", em particular após a assinatura da Convenção sobre os Direitos da Criança em 1989 e a definição dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, em 2015.
"Cerca de 90 milhões de crianças, que teriam morrido antes dos cinco anos se as taxas de mortalidade infantil se tivessem mantido nos níveis de 1990, sobreviveram. Em larga medida, graças aos progressos na prestação de serviços de imunização, saúde, e água e saneamento", refere a UNICEF.
A organização diz ainda que as melhorias na nutrição permitiram diminuir em 37 por cento os atrasos de crescimento, desde o início da década de 1990, e a frequência no ensino primário aumentou, incluindo nos países menos desenvolvidos.
"Em 1990, apenas 53 por cento das crianças eram admitidas na escola (nesses países), em 2011, a percentagem aumentou para 81 por cento", indica a UNICEF.
Os dados da UNICEF revelam também "lacunas e desigualdades, mostrando que os ganhos de desenvolvimento estão distribuídos de forma desigual".
"As crianças mais pobres do mundo têm perto de três vezes menos (2.7) probabilidades do que as mais ricas de ter uma pessoa qualificada a assistir ao seu nascimento, o que aumenta o risco de complicações relacionadas com o parto tanto para elas próprias como para as mães", segundo o relatório.