Moçambique: Crise humanitária está próxima de "atingir 800 mil pessoas"

A organização não-governamental (ONG) portuguesa Oikos alertou hoje que a crise humanitária no norte de Moçambique, onde presta apoio na resposta de emergência aos deslocados pelos ataques na vila de Palma, está "perto de atingir as 800 mil pessoas".

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Lusa
08/04/2021 20:43 ‧ 08/04/2021 por Lusa

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Oikos

"O mais recente ataque em Palma causou uma movimentação ainda maior de pessoas que fogem para outros distritos à procura de ajuda e sobrevivência face à crise humanitária no Norte de Moçambique que está perto de atingir as 800 mil pessoas", referiu a ONG portuguesa num comunicado.

A Oikos apontou ainda que os distritos de Mueda, Nangade, Montepuez, Pemba e Nampula são os mais afetados, dizendo que "está nestes distritos" a "integrar algumas famílias deslocadas nas comunidades onde trabalha na área da segurança alimentar".

A ONG portuguesa alertou também para a "falta de tudo" para fornecer a assistência humanitária adequada nos centros de acolhimento que recebem estes deslocados pela violência no norte de Moçambique.

"Nos centros de acolhimento, falta de tudo para suprir as necessidades básicas: alimentação, higiene e abrigo, sem esquecer a necessidade de apoio à proteção, nomeadamente da violência a meninas e mulheres e às crianças no geral", lê-se no documento.

A Oikos sinalizou também para o "risco de conflito eminente com as comunidades locais, que sentem a pressão da escassez de recursos".

"A maioria das famílias muito pobres esgotou as suas reservas de alimentos e as mais vulneráveis estão a envolver-se em estratégias de sobrevivência, incluindo o consumo de alimentos silvestres", disse o comunicado, apontando que as famílias de acolhimento realizam um esforço para alimentar "três a quatro vezes mais pessoas dentro do seu lar".

Nesse sentido, a organização lançou um apelo para "apoios urgentes" para garantir os bens essenciais junto das pessoas deslocadas "que continuam a chegar aos centros de acolhimento temporários".

O número de deslocados de Palma subiu para 13.964, dos quais 44% são crianças, segundo as novas estimativas da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que apresenta dados recolhidos entre 27 de março e hoje.

Durante o dia de hoje, as Nações Unidas mostraram-se preocupadas com a violência no norte de Moçambique.

O porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas afirmou que a ONU e parceiros internacionais estão "a seguir de perto e com profunda preocupação" novos relatos de violência contra civis, "incluindo alegadas decapitações e relatos não verificados de uso de crianças-soldado".

A preocupação da ONU é sobre a situação "dos civis que fugiram da violência e daqueles que permanecem em Palma", segundo o porta-voz de António Guterres, Stéphane Dujarric.

A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há cerca de duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, que está a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projetos de gás natural.

Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge centenas de milhares de pessoas na província.

Leia Também: Moçambique. UCCLA apela a comunidade internacional a pedir soluções

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