Apesar de ter assinado o Acordo Geral de Paz (AGP) com o governo moçambicano, em 1992, pondo termo a 16 anos de guerra civil, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) mantém um contingente armado, que devia ter sido integrado na polícia, para garantir a segurança dos dirigentes do partido, segundo uma cláusula prevista no acordo.
A força militar residual que a Renamo ainda mantém é apontada como um instrumento de pressão política do líder do movimento, Afonso Dhlakama, como aconteceu recentemente, quando confrontos com o exército e ataques armados imputados ao partido da oposição levaram o governo moçambicano a aceitar a exigência do partido de alterações à lei eleitoral.
Em entrevista ao diário O País, de Maputo, Joaquim Chissano, que assinou o AGP com Afonso Dhlakama, admitiu que cometeu o "maior erro" da sua governação por "não ter desarmado a Renamo", permitindo ao partido "criar uma filosofia de se manter com armas" no país.
"Foi excesso de confiança termos permitido que a Renamo ficasse com armas. Quando começámos a agir, a Renamo já tinha criado uma filosofia para se manter com armas", afirmou Joaquim Chissano.
"Quando as regras impostas pelo AGP não foram seguidas pela Renamo, nós não podíamos aplicar a força para desarmá-la, porque isso podia criar de novo a guerra. Nós não sabíamos quantos homens, quantas armas escondidas no mato tinha a Renamo. Preferimos jogar com o tempo, com a persuasão, com a aproximação, e isso durou esses anos todos, que não são poucos", declarou o ex-chefe de Estado moçambicano.