"O mundo deve bloquear a tempo [a Rússia], caso contrário não será possível voltar atrás", advertiu a candidata às presidenciais de 25 de maio, em entrevista hoje publicada pelo diário francês Le Monde.
Timochenko considerou que as sanções impostas a Moscovo apenas serão eficazes "caso coloquem o regime no limite da sua sobrevivência", porque de contrário "o que fazem é irritar e reforçar o espírito nacionalista".
A ex-chefe do Governo afirmou que o problema para a aplicação dos acordos de Genebra, firmados na quinta-feira entre a Rússia, Estados Unidos, União Europeia (UE) e Ucrânia, reside no facto de "a Rússia não reconhecer a sua incursão militar na Ucrânia" quando optou por se juntar aos setores pró-russos do leste do país que "têm medo da guerra".
Neste contexto, referiu que nos seus contactos com responsáveis do leste do país propôs "reforçar o estatuto da língua russa", permitir uma maior autonomia executiva e orçamental e aplicar uma amnistia para todos os ucranianos de origem russa que ocuparam edifícios públicos.
"Devem distinguir-se os ucranianos [que se exprimem em russo] dos agentes russos que operam no nosso território", afirmou.
Timochenko considerou "inaceitáveis" os ultimatos de Moscovo e considerou que a política do Presidente russo, Vladimir Putin, "é do século XVIII".
Putin "quer substituir os valores por conceitos ultrapassados" como o território, mas "não pode ir atrás do tempo", declarou a líder opositora, antes de considerar que "foi ativado o mecanismo de autodestruição do regime [russo]".
Timochenko assegurou ainda que "os oligarcas [ucranianos] não são compatíveis com a nova Ucrânia, com os valores europeus, com a vida que se quer construir", mas reconheceu-lhes uma função na superação da atual crise no país.
Condenada por abuso de poder e com uma fortuna pessoal que diversos media sugerem próxima dos sete mil milhões de euros, Timoshenko foi libertada da prisão durante os protestos da oposição que culminaram no derrube do presidente Viktor Ianukovich em 22 de fevereiro.
As presidenciais ucranianas estão previstas para 25 de maio e nas sondagens a ex-primeira-ministra surge muito atrás do empresário Petro Poroshenko, apontado como favorito.