"Ficamos surpresos com a medida do governador. Tudo estava pronto, incluindo alguns computadores seguiam com uma equipe para reforçar as brigadas (de recenseamento) na Gorongosa, quando receberam ordens para regressar", disse hoje à Lusa Meque Brás, segundo vice-presidente da CNE, indicado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição e que mantém um conflito armado com o governo.
"Estamos até agora em negociações para permitir que as brigadas se desloquem e recenseiem a população daquela zona, incluindo o líder da Renamo", referiu hoje Meque Brás, que chefiava o grupo, sugerindo falta de interesse politico para a inscrição eleitoral do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que se encontra refugiado na região.
A Lusa testemunhou hoje a chegada de blindados e viaturas militares, com armamento pesado à vila da Gorongosa. Na semana passada três militares morreram e quatro outros ficaram feridos, além de uma civil, em confrontos entre o exército e homens armados, alegadamente da Renamo.
O recenseamento do líder da Renamo, "candidato natural" do partido, às eleições gerais de 15 de outubro, continua pendente a um dia do fim do processo, marcado para 29 de abril.
Afonso Dhlakama ameaçou na semana passada impedir as eleições gerais (presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais), caso o seu partido não participe no escrutínio.
De acordo com a imprensa local, a CNE remeteu hoje ao Conselho de Ministros moçambicano, que se reúne na terça-feira, um recurso da Renamo para a prorrogação do recenseamento por mais 10 dias.