Habitantes desta província, no centro do país, relataram à Lusa que os confrontos provocaram mortos entre os elementos do Exército, mas fonte militar não confirmou estas baixas.
Os militares, segundo os habitantes ouvidos pela Lusa, seguirem o trilho usado pela Brigada de Recenseamento - que inscreveu, a 08 de maio, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama -, alegadamente para desativar uma base do movimento em Nhadue (Casa Banana) a norte de Gorongosa, quando foram parados por tiros dos homens armados que controlam a região.
"Foi um ataque relâmpago, quando as Forças de Defesa e Segurança (FDS) faziam patrulhas de rotina entre a vila de Gorongosa e Casa Banana", disse à Lusa um militar por telefone, não confirmando que o Exército procurava a base da Renamo.
Uma segunda unidade partiu em reforço dos homens do Exército emboscados junto da localidade de Mucodza, a dez quilómetros de Gorongosa, e também foi recebida com tiros.
"Há uma movimentação anormal de militares", descreveu à Lusa um jornalista local.
Ouvido pela Lusa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, confirmou a existência de confrontos, mas não forneceu detalhes.
O Ministério da Defesa não prestou ainda informações.
Muchanga lembrou que a Renamo já tinha alertado o Exército para não atacar as suas posições.
A Renamo acusou na terça-feira o Governo de pretender matar Dhlakama, alegando supostas movimentações militares em Gorongosa, onde está refugiado o líder do partido.
Na ocasião, o porta-voz da Renamo declarou que o seu partido iria retaliar contra eventuais incursões do Exército moçambicano na Serra da Gorongosa, apontando que esse cenário causaria "confrontos militares de maior magnitude".
Afonso Dhlakama refugiou-se na Serra da Gorongosa, na sequência da ocupação pelo exército moçambicano do acampamento em que vivia na região, em outubro passado, no seguimento da tensão política e militar que assola o país desde finais de 2012, devido a divergências em torno da lei eleitoral e da alegada marginalização dos antigos guerrilheiros do movimento no exército.
Apesar de o diferendo em torno da legislação eleitoral ter sido ultrapassado com a aprovação de emendas exigidas pelo principal partido da oposição, a tensão política e militar ainda não foi resolvida, devido a desentendimentos em torno da desmilitarização do braço armado da Renamo e da integração de militares do movimento na hierarquia das forças de defesa e segurança.