Vestidos com uniformes militares, os rebeldes assaltaram na segunda-feira as localidades de Attagara, Agapalawa e Aganjara, muito perto de outras que já tinham sido atacadas na véspera, também no estado de Borno, feudo político e operativo do Boko Haram, informaram fontes governamentais e populares ao jornal nigeriano The Premium Times.
Os residentes destas localidades (e de Goshe, segundo outras notícias), todas na região de Gwoza, sofreram vários ataques nos últimos dias, entre os quais um tiroteio contra uma dezena de fiéis numa igreja de Attagara no domingo.
O ataque motivou represálias por parte dos habitantes, que perseguiram os rebeldes e lincharam vários deles, segundo testemunhas.
"Quando chegaram os atacantes, muitos residentes pensaram que eram militares de verdade. Não lhes passou pela cabeça que fossem do Boko Haram. Nas aldeias há uns 200 cadáveres ainda por enterrar", disse Ngalamuda Ibrahim, habitante de Gwoza, citado pela EFE.
Uma outra notícia, da AFP, cita chefes locais que admitem que o balanço dos ataques poderá ascender a 400 ou 500 pessoas, embora seja impossível saber ao certo devido às dificuldades de comunicação com aquela região isolada.
Se este balanço se confirmar, este poderá ser um dos mais mortíferos ataques do Boko Haram desde o início da rebelião islamita em 2009.
"Esta matança foi massiva, mas ninguém pode fazer um balanço porque ninguém consegue chegar ao terreno, onde os rebeldes ainda se encontram e controlam a zona", disse à l'AFP Peter Biye, um deputado da região.
"Há corpos por todo o lado e as pessoas fugiram", acrescentou.
A agência espanhola EFE escreve também que muitos dos sobreviventes do ataque, sobretudo mulheres e crianças, fugiram para os Camarões.
Algumas fontes citadas pela AFP dizem que a violência continuava na quarta-feira naquela região, perto da fronteira com os Camarões.
Segundo um chefe local, toda a região vive uma grave "crise humanitária".
Os ataques do Boko Haram causaram cerca de 2.000 mortos desde janeiro no nordeste da Nigéria.
Nas últimas semanas, mais de 300 pessoas morreram em diferentes atentados da milícia radical, que ainda retém mais de 200 raparigas sequestradas há mais de um mês em Borno.
Segundo o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, o grupo terrorista assassinou nos últimos cinco anos 12.000 pessoas e feriu outras 8.000.