"A defesa e a segurança ainda são importantes nas relações internacionais e estamos perante um desafio de mudança para a Europa, de mudança na arquitetura de defesa europeia", considerou Dominik Jankowski, chefe interino da pela Divisão internacional de Análise do Departamento de Análises Estratégicas, integrado no Serviço de Segurança Nacional da Polónia.
"Não podemos continuar a manter o que foi decidido e estabelecido até agora no interior do espaço europeu", precisou.
O responsável polaco pronunciou-se à margem da Conferência internacional "Crise na Ucrânia: Reconfigurações que vêm do leste", que hoje decorreu no ISCTE -- Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE--IUL) no âmbito do curso de especialização em Políticas Públicas de Segurança e Defesa Nacional.
Numa referência à crise nesta região de transição entre a Europa central e de leste e às "lições extraídas pela Polónia", um país vizinho da Ucrânia e com crescente peso no cenário europeu, Jankowski assinalou uma região "que não está pacificada e onde existem conflitos" que necessitam de ser enfrentados.
"E a segunda lição é que a Rússia é uma potência revisionista, que procura desestabilizar a região", disse. Um aspeto que também foi discutido na segunda parte do evento, onde também participaram Leonid Tretiak, encarregado de negócios da Ucrânia em Portugal, Miguel Monjardino, que se pronunciou sobre as implicações estratégicas da "doutrina Putin", e Jorge Vasconcelos, presidente da NEWS (New Energy Solutions), que abordou o tema Gás e Paz.
Para o responsável polaco, que na sua intervenção abordou a "perspetiva polaca para uma vizinhança estável e segura", as atuais tensões estão a ser exclusivamente "produzidas" pela Rússia.
"Estamos a responder a isso, uma das ações que tem de ser efetuada pela NATO e aliados consiste no reforço da segurança no interior da NATO, e ajudar os que estão interessados em juntar-se a nós no futuro", especificou.
Numa referência à abordagem da União Europeia (UE) face à crise considerou que "podia ser mais concreta", apesar de os instrumentos utilizados serem "adequados" à situação.
"Não vamos utilizar as nossas forças militares porque quem combate pela sua independência são os ucranianos, não a União Europeia (UE) ou a NATO", assegurou.
"Estamos a utilizar os instrumentos que temos à nossa disposição, pressão política, sanções, pressões económicas, e a possibilidade de no futuro assinar a adesão plena da Ucrânia à UE, se for possível. É assim que atuamos, não utilizamos as ferramentas utilizadas pela Rússia".
Numa referência à eventual designação do chefe da diplomacia polaca, Radoslaw Sikorski, para o cargo de Alto Representante de política externa da UE -- definido como uma "estrela em ascensão" na política e diplomacia europeias e hipótese cada vez mais plausível --, Dominik Jankowski foi cauteloso.
"Veremos. Acreditamos que a Polónia garantiu o seu lugar na UE e é assim que devemos continuar a ser representados no futuro. Mas não me refiro a nomes".
A conferência de hoje surgiu de uma parceria entre o Instituto de Defesa Nacional e o Instituto para as Políticas Públicas e Sociais --IUL, a que se associou o Centro de Estudos Internacionais-IUL.