"Se o senhor Presidente (Armando) Guebuza foi negociador do acordo de Roma com a Renamo. Por que hoje em Moçambique não consegue conversação com o líder da Renamo para pacificar o país", questionou Daniel Gandija, durante um comício popular na sexta-feira, orientado pelo Presidente moçambicano em Espungabera, no âmbito da sua despedida, ao fim de dois mandatos, antes das eleições gerais previstas para 15 de outubro.
Armando Guebuza está impedido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato e, o fim da sua presidência está a ser marcado pelo pior momento da história de Moçambique nas últimas duas décadas, devido ao recrudescimento da guerra no centro do país.
Moçambique realiza as quintas eleições gerais, a 15 de outubro, para escolher um novo Presidente, entre Filipe Nyusi, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força politica e Afonso Dhlakama, da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, e que se mantém refugiado com um grupo de homens armados algures na serra da Gorongosa, província de Sofala, cercado pelo Exército.
"O senhor Presidente deve pacificar o país por via de diálogo antes de sair do poder para o seu sucessor encontrar o país longe da guerra", declarou Nelson Sithole, acusando o Exército de estar a encurralar a saída do líder da Renamo nas encostas da serra da Gorongosa.
"Como é possível (Afonso) Dhlakama sair, se a atual situação mostra que ele está apertado?", questionou Nelson Sithole, que sugeriu um encontro urgente nos próximos três meses para "o Presidente (Armando Guebuza) auscultar o líder [Afonso Dhlakama]".
O Presidente moçambicano disse que o seu Governo tem feito tudo para encontrar uma solução para a atual crise político-militar, e voltou a acusar o líder da Renamo de "escapar" ao diálogo.
"É nosso entendimento que se deve conversar com (Afonso) Dhlakama", precisou Guebuza, mas, disse, sem pôr em causa as leis, a harmonia, o desenvolvimento e a paz, adiantando que com o diálogo "o Governo pretende entender as razões da Renamo e ver como pode acomodar suas inquietações".
Em Mossurize, distrito de 246 mil habitantes, junto à fronteira com o Zimbabué, a população igualmente pediu um banco, por continuar a enterrar dinheiro em latas, energia estável e uma fábrica de processamento de chá, por continuar dependente do Zimbabué, para a comercialização da produção a preços baixos.