Tatsuya Kato, correspondente na Coreia do Sul do jornal Sankei, o sexto de maior tiragem no Japão, compareceu na segunda-feira diante das autoridades que lhe impuseram a proibição de sair do país, refere o jornal Chosun.
Trata-se do primeiro caso em que um jornalista japonês é interrogado pela procuradoria sul-coreana desde 1993, quando o delegado em Seul da cadeia televisiva Fuji foi detido sob a acusação de receber informação militar classificada de um oficial dos serviços secretos sul-coreanos.
A demanda foi apresentada por uma organização civil conservadora da Coreia do Sul por causa de um artigo publicado a 03 de agosto sob o título: "Park Geun-hye desapareceu no dia em que o 'ferry' se afundou: Com quem estava?"
O artigo citava os 'media' sul-coreanos ao afirmar que a chefe de Estado permaneceu em paradeiro desconhecido durante sete horas do dia 16 de abril, o dia do naufrágio do 'ferry' que fez 304 mortos, a maioria dos quais jovens estudantes de bacharelato.
Por esta razão, o correspondente japonês sugeriu que Park, de 62 anos, se encontrava nesse dia, num encontro secreto, com um homem desconhecido e para sustentar a sua hipótese citou rumores em circulação nos círculos financeiros da Coreia do Sul.
A Casa Azul, por seu lado, assegurou que a chefe de Estado estava "no interior do complexo presidencial" a 16 de abril e manifestou a sua intenção de pedir explicações ao diário Sankei.
A procuradoria sul-coreana prevê voltar a interrogar Kato antes de decidir se apresenta acusações contra o jornalista por difamação.
O eventual processamento do jornalista poderia representar um novo revés nas já difíceis relações diplomáticas entre a Coreia do Sul e o Japão que passam por um período de aguda tensão devido aos conflitos históricos e territoriais entre ambos.
A Presidente sul-coreana foi alvo de inúmeras críticas desde o naufrágio, já que a si e ao seu Governo é atribuída, por vários setores da sociedade, parte da responsabilidade na maior tragédia da história recente do país.
Por seu lado, o jornal Sankei, considerado o mais conservador e de tendência nacionalista dos principais diários japoneses, reagiu ao caso com a publicação de uma nota em que afirma que o artigo em causa se baseava em declarações proferidas na Assembleia Nacional (parlamento) e numa coluna de um jornal sul-coreano.