Ex-conselheiro de Nino Vieira diz que "a democracia vai falar mais alto"

O antigo conselheiro presidencial da Guiné-Bissau Lourenço da Silva considera que "a página da transição política vai estar virada" com a exoneração do general António Indjai do cargo de Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.

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Lusa
16/09/2014 19:17 ‧ 16/09/2014 por Lusa

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Guiné-Bissau

"A minha reação é de muita alegria porque enquanto guineense esperava um ato político-administrativo por parte do Presidente da República que conduziria à culminação do período de transição. Agora, com a exoneração já podemos considerar que a página da transição política vai estar virada e que a democracia vai poder falar mais alto", declarou Lourenço Silva à agência Lusa.

O escritor e empresário que vive exilado em Rouen, no norte de França, desde 2009, não teme nova instabilidade no país, na sequência do afastamento do general que liderou o golpe de Estado de 12 de abril de 2012.

"Para mim, o momento não é de pôr medo de haver qualquer sinal ou ato de violência. Estou sinceramente tranquilo em relação à questão de poder haver qualquer sublevação", afirmou.

"O presidente da República, antes de tomar a decisão, teve uma reflexão profunda e todas as condições estão reunidas para que a Guiné-Bissau possa continuar a sua caminhada rumo à paz e a uma estabilidade duradoura", acrescentou.

Lourenço da Silva disse que agora "a justiça, militar e civil, pode estar mais à vontade no sentido de elucidar o assassinato de Nino Vieira e de outras pessoas" porque "várias declarações e alguns atos do general António Indjai fizeram com que até hoje continuemos a pensar que pôde também ser um dos que moralmente ou materialmente estiveram por detrás daquilo que aconteceu em 2009".

"Eu não posso de forma alguma não estar de acordo" com a decisão do presidente guineense, declarou à Lusa Nazaré Vieira, viúva do ex-presidente Nino Vieira, acrescentando que "o Presidente da República tem toda a autoria e direito de exonerar a pessoa que achar conveniente".

Nazaré Vieira, a residir em Paris desde 2009, sublinhou, porém, que "gostaria que houvesse justiça porque não pode haver reconciliação se não houver justiça" e que "o povo guineense aguarda a qualquer momento o processo dos assassinatos que foram tendo lugar, principalmente a partir de março de 2009".

Por sua vez, Jorge Albino Monteiro, presidente do Coletivo de Cidadãos, Apoiantes e Amigos da Guiné-Bissau em Paris, destacou à agência Lusa que "ninguém é insubstituível na Guiné-Bissau", acrescentando que "é normal substituir um homem que já fez o seu tempo".

"O general foi exonerado porque o presidente da República, dentro das suas competências, achou fazer isso dentro de um quadro democrático. Isso não quer dizer que o general não possa jogar um dia ou dentro de alguns meses um papel importante no seio das Forças Armadas ou no seio da sociedade civil".

 

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