No Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado, o FMI diz ainda que, para minimizar os riscos no setor bancário, deve ser ponderada a hipótese de não só os acionistas estarem representados nas administrações dos bancos mas também os credores, uma vez que atos de gestão com vista a maximizar o valor para os acionistas podem ser contraditórios para os interesses dos detentores de dívida.
O documento hoje conhecido assume que os riscos excessivos tomados pela banca contribuíram para a crise financeira global, iniciada em 2008, e aponta medidas "para prevenir futuros abusos". Isto é ainda mais importante, diz a instituição liderada por Christine Lagarde, quando os problemas no sistema financeiro têm um grande impacto na sociedade.
Baseando-se num estudo que levou a cabo (envolvendo mais de 800 bancos em 72 países, ainda que mais de metade sejam dos Estados Unidos), o FMI tirou várias conclusões, nomeadamente que os bancos em que a remuneração dos executivos depende mais do desempenho de longo prazo assumem menos riscos. O mesmo acontece nos bancos com mais administradores executivos independentes, capazes de contestarem as decisões da gestão.
No caso das remunerações, o FMI deixa várias sugestões para indexar parte dos salários dos banqueiros ao desempenho de longo prazo da instituição que gerem, como ser parte da remuneração a dívida de longo prazo do banco ou ações com longos períodos de carência. Sobre a existência de membros independentes nas administrações, o FMI lembra que estas recomendações estão em linha com o que já está a ser feito na Europa.
O perfil e a experiência profissional dos administradores também influem na tomada de riscos do banco, segundo o FMI, que considera ainda que um administrador que venha da banca de investimento geralmente assume maiores riscos do que aquele que, por exemplo, seja originário da banca de retalho.
O FMI defende também que sejam criados comités de risco nos bancos, como já acontece na Europa, mas avisa que estes só terão realmente efeitos quando adicionados a outras medidas, e pede também aos supervisores para estarem mais atentos aos riscos tomados pelos bancos.