O anúncio do governo de Hong Kong seguiu-se aos momentos de confronto entre manifestantes pró-democracia e a polícia frente aos escritórios do Executivo de Hong Kong.
O governo disse também que os protestos estão a ter um "sério impacto" na vida da cidade.
"O Executivo e a polícia apelam a todos os que se encontram frente às instalações da polícia e do chefe do governo para não bloquearem os acessos e dispersarem pacificamente o mais rápido possível", refere um comunicado oficial.
Os manifestantes que ocupam há cinco dias as ruas do centro da cidade de Hong Kong exigem respeito pelo sufrágio universal e pedem a demissão do atual chefe do Executivo, Leung Chun-ying.
De acordo com a France Press, os manifestantes tentaram impedir que a passagem de caixas e bidões para o contingente policial que se encontra no local das manifestações.
Imagens que estão a circular nas redes sociais e nas estações de televisão mostram as caixas de madeira com a indicação: "Projéteis de borracha, 38 mm".
Outras fotografias mostram os bidões de lata com a inscrição: "1.5 in, CS", uma possível referência a gás lacrimogéneo, segundo os manifestantes.
O porta-voz da polícia de Hong Kong, Hoin Chun-tat disse, entretanto, que as autoridades não vão permitir que os manifestantes cerquem edifícios governamentais, bloqueiem ruas ou "provoquem distúrbios à ordem pública".
Os líderes dos protestos apelaram hoje para que mais pessoas se juntem à manifestação no centro de Hong Kong.
"Estou preocupado. A polícia pode usar aa força para dispersar o movimento esta noite. Toda a gente está a discutir o que fazer a seguir".
A agitação em Hong Kong subiu para um nível sem precedentes a 22 de setembro, num boicote de uma semana às aulas por milhares de estudantes de mais de 25 universidades e institutos, ao qual se juntaram, dias depois, cerca de mil estudantes do ensino secundário local.
O protesto surgiu uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes, por um sufrágio universal genuíno, no primeiro grande protesto desde que a Assembleia Nacional Popular decidiu, a 31 de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.
Pequim prometeu deixar os residentes de Hong Kong escolherem o seu próximo líder em 2017 por voto direto - metodologia que colocaria fim ao atual sistema de eleição do chefe do executivo, assente no tal comité eleitoral de 1.200 pessoas - mas com a condição de que os candidatos sejam aprovados por um comité de nomeação, algo que os pró-democratas contestam, alegando que assim só os candidatos pró-Pequim terão luz verde.
Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo a que os democratas chamam 'triagem'.