Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, salientou, contudo, que o movimento não deve ser considerado como uma "revolução".
Por outro lado, o líder da administração chinesa de Hong Kong vincou, duas vezes, que os "protestos não podem continuar por muito tempo".
"Os últimos desenvolvimentos mostram que ninguém pode indicar em que direção o movimento vai seguir e [decidir] o ritmo", afirmou o governante.
CY Leung acrescentou que o Governo tem a "responsabilidade de fazer cumprir a lei", mas também destacou que o movimento "é muito especial", razão pela qual tanto o Executivo como a autoridade policial "continuam a gerir o incidente com tolerância máxima".
Nesse sentido, o Governo vai continuar a tentar convencer os manifestantes a deixarem as ruas do centro de Hong Kong e a polícia, e, se tiver necessidade de intervir, irá fazê-lo recorrendo aos meios mínimos necessários.
Já sobre o diálogo com os manifestantes, CY Leung mantém a "possibilidade zero" na sua agenda depois de na quinta-feira a secretária chefe Carrie Lam ter cancelado uma reunião com os diversos movimentos argumentando que estes não podiam sentar-se à mesa e apelar ao reforço da participação popular nas ruas.
"O diálogo não pode ser utilizado como uma desculpa para incitar mais pessoas a juntarem-se aos protestos", declarou Carrie Lam quando anunciava aos jornalistas a rutura das conversações.
Em causa nas manifestações de Hong Kong está a decisão de Pequim de conceder à população da antiga colónia britânica a possibilidade de, em 2017, eleger diretamente o seu líder de Governo, num processo que, no entanto, estará limitado à escolha prévia dos candidatos por um comité eleitoral que Pequim acaba por controlar.
Os manifestantes não aceitam a posição política de Pequim e querem ser eles a escolher livremente o seu líder sem entraves nem escolhas prévias dos candidatos.
Na entrevista, CY Leung garantiu também que não se demitirá e lembrou que a sua resignação também não iria resolver qualquer questão, porque a decisão sobre o futuro político de Hong Kong -- tal como acontece em Macau -- cabe ao Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular.
Instado a comentar o recurso a gás lacrimogéneo contra os manifestantes a 28 de setembro, CY Leung atribuiu a decisão às forças de segurança da cidade, mas já a decisão de não recorrer novamente à sua utilização contou com o seu envolvimento.
CY Leung lembrou que a reação policial derivou da avaliação feita no momento e apelou a que todos tenham "confiança no julgamento" feito pelas autoridades que não atuaram por motivação política.
Já a 29 de setembro, depois de ter sido anunciada a retirada da polícia antimotim das ruas tomadas pelos manifestantes, as forças de segurança revelaram ter recorrido por "87 vezes" a gás lacrimogéneo durante os confrontos com manifestantes pró-democracia.
Por último, o líder do Governo de Hong Kong garantiu não ter feito nada de ilegal ou imoral quando aceitou o pagamento de 50 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de cinco milhões de euros) de uma empresa australiana que contratou os serviços de uma companhia do qual era responsável para a região Ásia-Pacifico.