"O Governo camaronês garante que vai continuar a lutar incansavelmente contra o Boko Haram até à sua erradicação total", disse o Presidente, sem adiantar mais detalhes.
O chefe de Estado falava durante uma cerimônia de receção no palácio presidencial, para os 27 ex-reféns, incluindo dez chineses, em Yaoundé.
"Este dia é um dia de alegria, uma alegria que é igualada apenas pela ansiedade e preocupação que nos abraçou durante a vossa detenção", acrescentou Paul Biya.
Na noite de sexta-feira para sábado, os 10 chineses e os 17 camaroneses capturados em maio e julho no extremo norte dos Camarões em ataques atribuídos ao Boko Haram foram entregues às autoridades camaronesas.
Como em anteriores tomadas de reféns estrangeiros, incluindo franceses, atribuídas ao Boko Haram, as autoridades em Yaoundé não deram nenhuma indicação sobre as circunstâncias da libertação.
Segundo fonte da segurança, os Camarões pagaram um "resgate" e libertaram uma vintena de islamitas detidos no país em troca da libertação dos 27 reféns.
"Quando se trata de proteger a integridade física e a vida das pessoas, não se fala de dinheiro, declarou, no sábado passado, a porta-voz do Governo, Issa Tchiroma Bakary.
Em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores recusou-se hoje a comentar o assunto.
"Eu não tenho informações relevantes a acrescentar", disse à imprensa o porta-voz do Ministério, Hong Lei, agradecendo "os esforços feitos pelos vários partidos para garantir a libertação desses trabalhadores."
Na noite de 16 para 17 de maio deste ano, homens armados atacaram um acapamento de operários chineses em Waza, antes de matarem um militar camaronês e de deterem 10 chineses.
Em 27 de julho, dois ataques simultâneos tiveram como alvo a residência do vice-primeiro-ministro, Amadou Ali, cuja mulher foi seqüestrada, e o palácio do Sultão de Kolofata, Seiny Boukar Lamine, que também foi seqüestrado com a mulher e seis filhos. Pelo menos 15 pessoas foram mortas nos ataques.
O grupo islamita armado nigeriano Boko Haram lidera desde 2009 um levantamento armado no norte da Nigéria, tendo proclamado um "califado" nas zonas que controla.
O conflito que os opõe às forças de segurança nigerianas fez, em cinco anos, mais de 10.000 mortos e mais de 700.000 deslocados. Milhares de nigerianos, que temem abusos do Boko Haram, fugiram do extremo norte dos Camarões, enquanto milhares de habitantes de aldeias camaronesas fronteiriças se mudaram para o interior.
O Boko Haram intensificou durante meses as incursões armadas nos Camarões, levando o Governo a estacionar efetivos do exército no extremo norte, onde a situação continua muito tensa.
A Nigéria e os Camarões, bem como o Chade e a Nigéria, decidiram a 07 de outubro passado que uma força regional de 700 homens para combater Boko Haram poderia ser colocada em prática até o final de novembro.