"O respeito pelos tratados não é só para os outros, é para todos", disse Hollande numa conferência de imprensa no final da cimeira europeia em Bruxelas.
A Comissão Europeia exigiu uma contribuição extraordinária para o orçamento comunitário de 2014, a pagar até 01 de dezembro, a alguns países considerados mais prósperos à luz da nova forma de cálculo dos PIB nacionais.
Segundo o Financial Times, a contribuição a pagar pelo Reino Unido é a mais elevada, ascendendo a 2,1 mil milhões de euros. França, em contrapartida, receberá uma devolução de mil milhões de euros.
David Cameron interrompeu os trabalhos da cimeira hoje de manhã para anunciar à imprensa que não vai pagar a contribuição até 01 de dezembro, uma exigência "completamente injustificada e inaceitável", e que exigiu "uma reunião de emergência" dos ministros das Finanças da UE.
Outra das questões que perturbou este segundo dia da cimeira prendeu-se com as cartas enviadas pela Comissão Europeia aos governos de França e de Itália pedindo explicações sobre os respetivos orçamentos, que se desviam dos objetivos fixados pelo conselho europeu.
Além destes dois países, segunda e terceira economias da zona euro, respetivamente, a Comissão enviou cartas semelhantes aos governos de Áustria, Eslovénia e Malta.
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, lançou a discussão na cimeira ao divulgar a carta na página Internet do Ministério das Finanças italiano, o que foi fortemente criticado pelo presidente cessante da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que frisou o carácter confidencial da missiva.
De madrugada, após a conclusão do acordo sobre energia e clima, Renzi anunciou também a intenção de divulgar as despesas das instituições europeias.
Hollande não divulgou a carta recebida em Paris, mas o 'site' de notícias francês Mediapart publicou-a hoje integralmente. Nela, o comissário dos Assuntos Económicos e Orçamentais, Jyrki Katainen, refere nomeadamente o défice previsto, de 4,3% do PIB em 2015, acima dos 3% a que Paris se comprometeu.
Na conferência de imprensa que deu no final da cimeira, François Hollande disse que vai responder à carta e, depois disso, não espera novas questões de Bruxelas.
"O diálogo continua e França dará a sua resposta no final desta semana. O que esperamos é não receber outra carta", disse, acrescentando que "França fez o que tinha a fazer".
"Esperamos que as informações, as explicações e os pormenores que vamos fornecer permitam à Comissão compreender que respeitamos os tratados com o máximo de flexibilidade e preservando o crescimento e o emprego", acrescentou.