"Não lhes escondo que tenho a intenção de reagir a todas as críticas injustificadas que se dirijam à Comissão, venham de onde vierem. Eu não sou do tipo que treme diante de primeiros-ministros ou em qualquer outra altura", disse Juncker, em conferência de imprensa em Bruxelas, após a primeira reunião do colégio de comissários da nova Comissão Europeia, depois dos 10 anos da 'Comissão Barroso'.
Ainda na sua primeira intervenção na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, Juncker negou hoje ter "problemas" com os primeiros-ministros de Itália, Matteo Renzi, e do Reino Unido, David Cameron, mas considerou que o governante britânico tem "um problema com os outros primeiros-ministros" europeus.
O luxemburguês já tinha criticado anteriormente David Cameron e Matteo Renzi a propósito de divergências destes com Bruxelas sobre questões orçamentais.
Juncker afirmou a sua determinação em defender a honra do executivo comunitário face a críticas "injustificadas".
"Dizer que a Comissão não deve interferir numa série de dossiês sobre a coordenação económica europeia e dizer que não aceitamos lições de burocratas de Bruxelas é uma descrição que me desagrada. Nós não somos burocratas, somos homens políticos", afirmou.
Já na terça-feira, Juncker tinha respondido publicamente a Renzi e Cameron, dizendo que não gostou "da forma como alguns primeiros-ministros se comportaram depois da cimeira" de outubro.
"Disse a Matteo Renzi que não estou à frente de um bando de burocratas. Sou presidente da Comissão Europeia, uma instituição política, e quero que os primeiros-ministros respeitem essa instituição", afirmou então, citado pela agência France Presse.
Se o ex-presidente da Comissão José Manuel Durão "Barroso só tivesse ouvido burocratas, o orçamento de Itália teria sido tratado de maneira completamente diferente", acrescentou.
Na cimeira europeia de 23 e 24 de outubro, Matteo Renzi criticou a 'Comissão Barroso' pela carta enviada ao seu governo sobre um "desvio importante" do orçamento italiano em relação às regras orçamentais europeias. Então Renzi disse aos jornalistas que mesmo os chamados pais fundadores da UE podiam tornar-se eurocéticos perante os burocratas e a burocracia comunitária.
O governo de Itália alterou depois o projeto de orçamento, prevendo reduzir o défice estrutural em 0,3% do PIB em 2015, contra 0,1% no projeto inicial.
Pelo seu lado, David Cameron tem travado um 'braço de ferro' com Bruxelas a propósito do aumento da contribuição britânica para o orçamento europeu. Cameron tem dito perante a opinião pública britânica que não irá pagar os 2,1 mil milhões de euros exigidos por Bruxelas, devido ao aumento do PIB do Reino Unido na sequência da revisão da metodologia das contas públicas.