Segundo Artur Mas, o governo espanhol quer ver "quanto medo" pode incutir nos catalães, que no passado domingo participaram numa consulta simbólica sobre a independência da Catalunha, em que 80,76% dos 2,3 milhões de pessoas que votaram apoiaram que a Catalunha seja um Estado e que seja um Estado independente.
"Pois, hoje, cada vez menos (medo), tomem nota", afirmou o líder do executivo catalão, numa intervenção no parlamento regional em Barcelona.
Artur Mas, que recebeu uma ovação de pé dos deputados do seu partido Convergência e União (CiU), falava após a divulgação de informações que indicam que o Ministério Público espanhol vai apresentar nas próximas horas uma queixa contra ele e membros do seu executivo por alegadas responsabilidades penais no processo participativo do passado dia 09 de novembro.
A 04 de novembro, o Tribunal Constitucional, chamado a pronunciar-se pelo Governo central espanhol, proibiu o processo promovido pelas autoridades regionais.
Na mesma intervenção, Artur Mas rejeitou a acusação e frisou a "total ausência de política" do Estado diante de um "desafio democrático" como o 9N (a designação escolhida para a consulta).
O líder catalão afirmou ainda entender os "nervos" do Partido Popular (PP), partido no poder, perante o "sucesso" da consulta, uma vez que Madrid chegou a afirmar que "as assembleias de voto não chegariam a abrir".
Numa referência ao Ministério Público, Artur Mas questionou o hemiciclo: "Imaginem a imagem de um Ministério Público que atua perante o facto de colocar urnas?".
"Será uma imagem dramática para Espanha", respondeu o líder catalão.
"Pode-se discordar de um projeto político, mas não é necessário levar esse projeto sistematicamente aos tribunais nem acionar o Ministério Público. Estamos mal quando só resta o recurso ao Ministério Público e aos tribunais para resolver os grandes reptos democráticos, porque isso significa a total ausência de política e é isso que nos transmite Madrid", referiu ainda Artur Mas.
No domingo, 2,3 milhões de pessoas participaram numa consulta sobre a independência da Catalunha, depois de o Tribunal Constitucional ter proibido, a pedido do Governo de Madrid, a realização de um referendo.
Segundo dados finais, 80,76% dos votantes apoiaram que a Catalunha seja um Estado e que seja um Estado independente.