"Os últimos acontecimentos em Ferguson são outro e muito preocupante sinal para as autoridades norte-americanas indicando que já é tempo de se focarem nos massivos problemas internos, no que respeita a garantirem os direitos humanos", afirmou-se em comunicado emitido pelo Ministério.
Estes foram os primeiros comentários dos dirigentes de Moscovo sobre os tumultos ocorridos naquela cidade norte-americana, depois de uma decisão judicial de não acusar um polícia branco, que matou a tiro um adolescente negro desarmado durante uma disputa em agosto.
As relações entre Moscovo e Washington estão num ponto mínimo desde o fim da designada guerra fria, com a ocorrência de várias disputas, a principal das quais é a do futuro da Ucrânia.
Os russos têm atirado farpas diplomáticas diárias para os norte-americanos e os seus aliados europeus, desde que o presidente russo, Vladimir Putin, foi ostracizado por outros líderes mundiais durante uma cimeira internacional, realizada na Austrália, há duas semanas.
A declaração ministerial adiantou ainda que a violência em Ferguson mostrou que os EUA devem focar-se mais nos seus próprios problemas em vez de se "envolverem em orientações infrutíferas de outras nações, ensinando-lhes princípios com a ajuda de propaganda".
Os tumultos ocorreram depois da divulgação da decisão de um grande júri sobre o caso de Michael Brown, um adolescente afro-americano que foi morto a tiro a 09 de agosto deste ano por um polícia, identificado como Darren Wilson.
Depois de escutar 60 testemunhas e o próprio Darren Wilson, o grande júri decidiu ilibar o polícia, afirmando que não existiam provas suficientes para acusar o agente da morte de Brown.
Numa conferência de imprensa improvisada, o chefe da polícia local, Jon Belmar, afirmou, hoje de madrugada, que os distúrbios agora ocorridos foram mais graves do que os registados em agosto passado, logo a seguir à morte do adolescente.
Não houve registo de vítimas mortais ou de feridos, mas várias lojas foram saqueadas e outras foram incendiadas. Uma dúzia de prédios e carros da polícia também foram incendiados por manifestantes.
A polícia local recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. As forças policiais também asseguraram que foram ouvidos mais de uma dezena de tiros na zona dos protestos.
Os familiares de Michael Brown, apesar de estarem "profundamente dececionados" por esta falha judicial, afirmaram, num comunicado, que "responder à violência com violência não é a resposta".
Numa declaração na Casa Branca, o Presidente norte-americano, Barack Obama, apelou à calma e pediu "contenção" aos manifestantes e às forças policiais.