Os tumultos ocorreram depois da divulgação da decisão de um grande júri sobre o caso de Michael Brown, um adolescente negro desarmado que foi morto a tiro a 09 de agosto deste ano por um polícia branco, identificado como Darren Wilson.
Depois de escutar 60 testemunhas e o próprio Darren Wilson, o grande júri decidiu ilibar o polícia, afirmando que não existiam provas suficientes para acusar o agente da morte de Brown.
Em Genebra, o Alto-Comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, apelou aos EUA para que investigassem a existência de discriminação racial nos seus sistemas judicial e policial.
"Estou profundamente preocupado com o número desproporcionado de jovens afro-americanos que morrem em confronto com agentes policiais, bem como com o número desproporcionado de afro-americanos nas prisões dos EUA e o número desproporcionado de afro-americanos no corredor da Morte", declarou Zeid Ra'ad Al Hussein, em comunicado.
O chefe da agência da ONU para os direitos humanos referiu-se também ao assassínio de outro jovem afro-americano, Tamir Rice, de 12 anos, pela polícia de Cleveland, durante o fim de semana, quando estava a exibir, numa zona de recreio, o que se veio a revelar ser uma arma de brincar.
Antes do dirigente da ONU, a ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira, que é negra, exprimiu a sua irritação, citando, em mensagem na rede social Twitter, o cantor Bob Marley, na canção "I Shot the Sheriff", de 1973, quando este canta "Kill them before they grow" (Matem-nos antes que Cresçam).
Na sua mensagem, Taubira escreveu em Inglês "Que idade tinha Mickael (sic) Brown? 18. Trayvon Martin? 17. Tamir Rice? 12. Que idade terá o próximo? 12 meses? 'Matem-nos antes que cresçam' Bob Marley".
Depois, em declarações à Radio France Info, adiantou: "Não estou a fazer um julgamento de valor sobre as instituições dos EUA (mas) quando o sentimento de frustração é tão forte, tão profundo, tão prolongado e tão massivo, tem de se questionar a confiança dessas instituições".
De forma mais particular, apontou: "Vê-se que isto só acontece às mesmas pessoas, às crianças afro-americanas".
Ainda hoje, também o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa considerou que os tumultos raciais na cidade norte-americana de Ferguson ilustram os "massivos" problemas internos nos EUA resultantes do desrespeito dos direitos humanos por Washington.