"Durante a noite houve pouca emissão de fumos e gases, o que permitiu uma noite calma em Portela. Esta manhã, o vulcão está mais calmo, com a expulsão de gases de forma mais branda. Mas mantém-se, como sempre, imprevisível", disse à Lusa a geóloga cabo-verdiana Sónia Silva Vitória.
Segundo a presidente da comissão técnica e científica do Observatório Vulcanológico de Cabo Verde, a lava "não avançou muito, não como se previa".
As indicações foram também confirmadas à Lusa pelo diretor do Gabinete de Gestão de Catástrofes do Serviço de Proteção Civil de Cabo Verde, Pedro Bettencourt, que explicou que se previa, inicialmente, uma evolução maior.
"No entanto, a imprevisibilidade falou mais alto", sublinhou, aludindo a Portela, a principal localidade de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos do Fogo, cujos pouco mais de 1.000 habitantes foram retirados.
"Depois de retirarmos todas as viaturas de Portela, porque ontem (domingo) à noite, as lavas avançavam muito rapidamente em direção à estrada, ao longo da madrugada e hoje pela manhã a situação acalmou e a estrada ainda continua desobstruída, apesar de a lava estar mesmo ao lado", explicou Pedro Bettencourt.
Neste momento, em Portela, encontram-se apenas os elementos de segurança e vários responsáveis da Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras, que estão desde domingo a retirar "o que é possível".
"Gradualmente, vai-se retirando material da cooperativa, mas os responsáveis pela adega mantêm a esperança de que a força divina salve o espaço", explicou.
O vulcão do Fogo, que entrou em erupção a 23 de novembro, tem registado ao longo dos dias momentos de "fraca intensidade", assim como "explosões violentíssimas", mantendo-se "sempre uma situação imprevisível", disseram à Lusa Sónia Vitória e Pedro Bettencourt.
Até ao momento, a lava já destruiu cerca de duas dezenas de casas, 14 cisternas, 15 currais e casas de apoio à agricultura, bem como uma vasta área de terrenos agrícolas, mas não provocou até agora quaisquer vítimas.
Foram também destruídos a sede administrativa e o museu do Parque Natural do Fogo, obra concluída há cerca de um ano e que custou perto de um milhão de euros.