A proibição, que deverá entrar em vigor no próximo dia 01 de janeiro, foi aprovada pelo Comité Permanente da Assembleia Popular de Urumqi, o órgão legislativo local.
Peça de vestuário que cobre todo o corpo das mulheres, incluindo o rosto e os olhos, a burca não faz parte da tradição uigure, a maior etnia do Xinjiang, mas o seu uso tem aumentado desde 2012, disse um investigador citado pelo Global Times.
"A nova legislação visa ajudar o governo a gerir esse fenómeno e, mais importante do que isso, a impedir a propagação de ideias extremistas", afirmou o investigador, Pan Zhiping, da Academia de Ciências Sociais do Xinjiang.
Segundo o diretor do Gabinete de Assuntos Religiosos da Escola Central do Partido Comunista Chinês, Jin Wei, as burcas são "uma restrição aos direitos das mulheres".
As burcas "não têm nada a ver com uma vida feliz", disse o Diário do Xinjiang, o órgão oficial do governo daquela Região Autónoma da China.
Um outro académico ouvido pelo Global Times admitiu que a proibição do uso de burcas se estenda a outras cidades do Xinjiang.
As restrições à prática do islão no Xinjiang não são novas.
Este ano, os funcionários públicos, estudantes e professores daquela região foram proibidos de jejuarem durante o dia durante o mês do Ramadan.
O governo chinês responsabiliza "extremistas religiosos ligados à Al-Qaeda" e "separatistas radicados no estrangeiro" pela vaga de atentados que nos últimos anos tem abalado o Xinjiang.
Em maio passado, um atentado suicida com explosivos num mercado de Urumqi, a capital do Xinjiang, causou 43 mortos
Situado a mais de dois quilómetros de Pequim, o Xinjiang é um território quase 17 vezes maior que Portugal e apenas 23,5 milhões de habitantes, muito rico em recursos minerais, que confina com o Afeganistão, Paquistão e várias ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
Os uigures, etnia de religião muçulmana e cultura turcófona, constituem 46% da população, mas há cerca de meio-século ultrapassavam os dois terços.
Entretanto, milhares de famílias han, a principal etnia da China, começaram a radicar-se no Xinjiang, e hoje constituem já cerca de 40% da sua população. Na capital, Urumqi, ultrapassaram mesmo os uigures.
Oficialmente, em toda a China há cerca de 21 milhões de muçulmanos, correspondendo a menos de 2% da população do país.