O norte-americano Alan Gross, detido há cinco anos em Cuba por espionagem, foi libertado pelas autoridades cubanas por razões humanitárias, divulgou hoje um responsável norte-americano que preferiu o anonimato.
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai fazer hoje uma declaração a partir da Casa Branca em Washington às 12:00 locais (17:00 hora de Lisboa).
Uma intervenção do seu homólogo cubano, Raul Castro, está prevista para a mesma hora.
O anúncio da libertação de Gross, 65 anos, poderá levar a uma revisão da política de Washington em relação a Cuba, alvo de um embargo económico, comercial e financeiro norte-americano há 52 anos.
O embargo contra Cuba foi imposto pelos Estados Unidos em 1962, depois do fracasso da invasão da ilha para tentar derrubar o regime de Fidel Castro em 1961, que ficou conhecida como o episódio da Baía dos Porcos.
Desde então, o embargo continua em vigor, mesmo depois de Barack Obama ter manifestado abertura sobre a questão cubana no início do seu primeiro mandato presidencial, com o levantamento de diversas restrições sobre vistos, remessas de dinheiro e viagens para Cuba.
Alan Gross, um antigo funcionário da agência federal norte-americana para o desenvolvimento internacional (USAID), um organismo do Departamento de Estado norte-americano, foi detido em Cuba a 03 de dezembro de 2009.
Em 2011, o norte-americano foi condenado a 15 anos de prisão pelo crime de "atos contra a independência ou integridade do Estado".
De acordo com as autoridades cubanas, Alan Gross introduziu naquela ilha equipamento de transmissão por satélite que era proibido pelo regime de Havana.
Washington sempre condicionou um eventual levantamento do bloqueio a Cuba à libertação de Alan Gross.
Por ocasião da crise do Ébola e da atual cooperação internacional para enfrentar este problema de saúde pública, os dois países, que não têm relações diplomáticas oficiais desde 1961, chegaram a trocar algumas palavras cordiais.
Em outubro passado, o chefe da diplomacia norte-americana agradeceu a Cuba pela sua ajuda na luta internacional contra o vírus do Ébola.
"Temos já nações pequenas e grandes que aceleraram de forma impressionante as respetivas contribuições para a linha da frente" contra o Ébola, referiu o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
"Cuba, um país com apenas 11 milhões de habitantes, enviou 165 profissionais de saúde e prevê enviar mais cerca 300", sublinhou na mesma altura Kerry.
Nessa mesma altura, num editorial publicado em inglês e espanhol, o jornal 'The New York Times' pediu a Obama para "refletir seriamente" sobre Cuba, para "retomar as relações diplomáticas" com a ilha e "acabar com um embargo insensato".
O diário norte-americano afirmou então que uma "mudança" na política norte-americana em relação a Cuba "poderia representar um grande triunfo" para a administração de Obama.
Várias sondagens mostram que a maioria dos norte-americanos é a favor de uma mudança de política em relação a Cuba, nomeadamente no estado da Florida, onde reside uma grande comunidade cubano-americana.
[Notícia atualizada às 17h58]