"Dissemos à Renamo que o prazo para a integração das suas forças residuais está a aproximar-se do fim. E que não há avanços", disse aos jornalistas o vice-chefe da delegação do Governo, Gabriel Muthisse, no final da 90.ª ronda negocial, na segunda-feira.
Muthisse acusou a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) de pretender alegadamente "privatizar" as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, ao condicionar o desarmamento do seu braço armado à entrega de postos de comando no exército e polícia.
"O Governo não pode estar em condições de poder aceitar uma definição que privatiza as FDS para duas partes. O entendimento do executivo é que todo o moçambicano, independentemente da sua pertença ou militância política, pode assumir postos de comando", declarou o vice-chefe da delegação do Governo.
Gabriel Muthisse lamentou o facto de o impasse entre as duas partes prevalecer a menos de duas semanas do fim da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHIN), constituída por peritos militares estrangeiros e moçambicanos, para a fiscalização do desarmamento da Renamo.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, reiterou a exigência do partido de que só aceitará o desarmamento depois da aprovação de um modelo de integração e enquadramento, que garanta a partilha de comando no exército e na polícia.
"Hoje, a nível das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) já existem ramos em que nem sequer há um oficial proveniente da Renamo a comandar uma secção, isso não é bom para a harmonia", afirmou Macuiane, na conferência de imprensa realizada no final da ronda negocial.
O chefe da delegação do principal partido de oposição acusou o Governo de estar a movimentar o exército em algumas partes do país, considerando os alegados desdobramentos uma violação do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, assinado a 05 de setembro de 2014.
O referido acordo prevê o desarmamento do braço armado da Renamo e encerrou cerca de ano e meio de confrontos entre o movimento e as FDS moçambicanas no centro do país, provocando um número indeterminado de mortos e feridos e milhares de deslocados na região.