Na estação de Buzenval, Malorie Lesegle, de 21 anos, parte para o trabalho e diz não ter medo, estando "simplesmente triste". Ainda assim, a jovem considera que "há menos pessoas no metro".
No metropolitano, a afluência é a do costume à hora de ponta e a linha 9 que percorre Paris de leste a oeste, continua com os vagões cheios de gente.
Na estação Nation, uma das maiores do leste de Paris, é visível o mesmo ritmo de passos apressados, como os de Marion Delanoë, que continua o percurso de cerca de vinte minutos que a vai levar ao local de trabalho e diz "não ter medo de todo".
"Quer dizer, tenho algum medo, sobretudo pela minha filha que levei esta manhã à creche", diz a diretora artística, de 43 anos.
Na linha número 1 do metropolitano, a afluência é também a habitual. Um homem reformado - que prefere guardar o anonimato - lê o jornal Le Parisien e explica à Lusa não ter medo de atentados nos transportes.
"Que se lixem os terroristas!", exclama o homem de 68 anos que apanhou o comboio interurbano nos arredores de Paris para chegar à capital.
Mais adiante, na Gare de Lyon, uma das principais estações ferroviárias de Paris, dezenas de pessoas aguardam pelo comboio no hall principal. É o caso de Alain Guillaume, que lê as notícias do ataque desta quarta-feira no jornal Libération.
"Nota-se que há mais militares na gare. Se tenho medo? Que ideia disparatada! Não, não tenho medo de apanhar o comboio", descreve este reformado de 71 anos que aguarda o comboio para Dijon.
Entre 450 a 650 agentes da guarda e militares foram mobilizados para a vigilância dos transportes, locais públicos, órgãos de comunicação social, espaços de culto e até nas lojas de grande dimensão, ao segundo dia dos saldos de inverno, em que era esperada uma forte afluência.
Por outro lado, as academias de Paris, Creteil e Versalhes suspenderam as visitas de estudo e as atividades fora dos estabelecimentos de ensino, sendo ainda proibido estacionar perto das escolas.
Três homens vestidos de preto, encapuzados e armados atacaram na manhã de quarta-feira a sede do Charlie Hebdo, no centro de Paris, provocando 12 mortos (10 vítimas mortais entre jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos, quatro dos quais em estado grave.
Um dos autores, Hamyd Mourad, de 18 anos, já se entregou às autoridades e os outros dois suspeitos, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, estão a monte.
Entre as vítimas do ataque estão os cartoonistas Stéphane "Charb" Charbonnier, 47 anos e diretor da publicação, Jean "Cabu" Cabut, 76 anos, Georges Wolinksi, 80 anos, e Verlhac "Tignous" Bernard, 58 anos.
Criado em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna, o semanário Charlie Hebdo tornou-se conhecido em 2006 quando decidiu voltar a publicar 'cartoons' do profeta Maomé, inicialmente publicados no diário dinamarquês Jyllands-Posten e que provocaram forte polémica em vários países muçulmanos.