“Faltavam seis segundos para o disparo atingir o alvo, e uma pessoa pequena corre e entra (na cabana). O míssil atinge o alvo. E eu fiquei ali sentado a pensar: 'Meu Deus, o que está a acontecer ... O que foi aquilo?’”, refere Brandon Bryant, um ex-operador da Força Aérea dos Estados Unidos, afirmando que depois deste ataque a uma cabana no Afeganistão ficou dias sem dormir.
Brandon foi responsável por diversas missões, nomeadamente a que terminou com a vida de Anwar al-Awlaki, um clérigo radical e líder da Al-Qaeda, mas cidadão com nacionalidade americana, e que fez com que pusesse fim à sua carreira.
“Diziam-nos que ele [al-Awlaki] poderia ser o novo Bin Laden. Mas ele era um cidadão americano, uma pessoa que eu tinha jurado proteger", refere à BBC, com olhar cabisbaixo. “Acho que, naquele momento, estávamos a fazer a coisa errada”, conclui.
Durante praticamente quatro anos, sempre acompanhado de um piloto que conduzia a aeronave, Brandon trabalhou nos turnos da noite, altura em que grande parte das missões era conduzida. Os seus atos, como operador de drones, ajudaram a tirar mais de 1,6 mil vidas.
Porém, o facto de acompanhar o dia-a-dia destas pessoas, monitorizando o seu comportamento à distância, tornava a sua tarefa ainda mais complexa, relata o norte-americano.
"Sabia que eles (os alvos) eram seres humanos. Via-os a viver as suas vidas, fazendo as suas coisas, até a colocarem uma bomba num local e voltar para a casa para abraçar os seus filhos", mas o que o mais o incomodava era tirar a vida a pessoas que havia jurado proteger.
"Foi isto que me fez decidir, virar costas e ir embora", conclui.