O documento, apenas divulgado em árabe mas traduzido pelo grupo anti-islamismo radical Quilliam, refere que é errado negar a educação a uma mulher mas que "a grandeza da sua posição, o propósito da sua existência é o divino dever da maternidade".
Sobre o casamento, o texto assume a posição radical salafista -- uma corrente do sunismo com origem na Arábia Saudita --, baseado em polémicos relatos sobre a vida do profeta Maomé e da sua jovem mulher Aisha, e que diz ser legítimo o casamento de uma mulher a partir dos nove anos.
"As raparigas mais puras devem casar-se aos 16 ou 17 anos, quando ainda são jovens e ativas", prossegue o texto, que também concede um mínimo de dois anos de licença de maternidade, o prolongamento de férias em caso de doença das crianças ou ausência dos maridos, e cuidados especiais para as crianças cujas mães sejam obrigadas a trabalhar.
"Já os homens jovens, nestas gloriosas gerações, não deverão ter mais de 20 anos" para se casarem, indica ainda o documento.
O texto ataca a opressão das mulheres no ocidente e na generalidade do mundo árabe, descrevendo um contínuo ciclo de pobreza, violência estatal, e submissão das mulheres aos propósitos dos homens ao "aceitarem deles o que as mulheres têm de fazer quando se confrontam com homens".
O documento, divulgado pelo diário britânico The Telegraph, sublinha ser um defensor dos direitos das mulheres, mas elabora uma perspetiva diferente sobre os motivos pelos quais necessitam desses direitos.
Assim, refere que as mulheres devem ser educadas porque não podem cumprir as suas obrigações caso sejam iletradas ou ignorantes. No entanto, o currículo sugerido concentra-se na educação religiosa, para além de alguns conhecimentos básicos e "aptidões como os trabalhos com têxteis, costura e cozinha básica".
"Sim, dizemos, 'fiquem nas vossas casas', mas isso não significa, em qualquer circunstância, que apoiemos a iliteracia, o atraso ou a ignorância".
O ensino escolar deverá ser concluído aos 15 anos, mas o manifesto também sublinha que não impediu as mulheres de frequentar as universidades nas regiões que controlam, permitindo-lhes que sejam médicas ou professoras.
Fotos em diversos 'media' têm mostrado mulheres cobertas com o véu islâmico e a treinar com armas de fogo. O documento clarifica ainda que as mulheres podem combater na 'jihad' (guerra santa) caso seja emitida uma 'fatwa' [pronunciamento legal] especial que lhe permitam fazê-lo "se a situação na ummah [comunidade] se tornar desesperada".