Jacques Behnan Hindo, arcebispo sírio-católico de Hasakeh (nordeste da Síria), fez a acusação numa entrevista à Rádio Vaticano, um dia depois de o grupo Estado Islâmico ter raptado pelo menos 90 cristãos de aldeias até então sob controlo das forças curdas.
"Todos os dias há famílias a sair de Damasco de avião devido ao bloqueio que temos à nossa volta", disse o bispo.
"No norte, a Turquia deixa passar camiões, 'jihadistas', petróleo roubado na Síria, algodão e trigo. Tudo isto pode passar a fronteira, mas ninguém (da comunidade cristã) pode passar", afirmou.
Os cristãos raptados fazem parte da pequena comunidade católica síria, residente na sua maioria da região de Hasakeh, próxima da fronteira com a Turquia.
Antes do início do conflito armado, em março de 2011, os católicos sírios eram cerca de 30.000, num total de 1,2 milhões de cristãos na Síria.
O bispo sírio acusou por outro lado o Crescente Vermelho de recusar aos cristãos os fundos que lhe são dados pela Cruz Vermelha.
"A Cruz Vermelha dá dinheiro ao Crescente Vermelho, (mas) o Crescente Vermelho não dá rigorosamente nada aos cristãos, nem um milésimo do que recebe", enquanto organizações católicas como a Caritas "dão aos cristãos, aos muçulmanos, a toda a gente", sustentou.
Segundo o bispo, a única ajuda aos cristãos provém da Obra do Oriente, do Vaticano ou da Congregação das Igrejas do Oriente.