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França condena atentado contra constitucionalista moçambicano

A Embaixada da França em Maputo condenou hoje o atentado contra o constitucionalista moçambicano de origem francesa Gilles Cistac, assassinado a tiro no centro da capital.

França condena atentado contra constitucionalista moçambicano
Notícias ao Minuto

16:34 - 03/03/15 por Lusa

Mundo Maputo

"A Embaixada da França na República de Moçambique exprime a sua tristeza e condena o assassinato do professor Gilles Cistac, de nacionalidade moçambicana e francesa", afirma um comunicado da representação francesa enviado à Lusa.

A Embaixada da França espera que "o inquérito policial seja efetuado rapidamente, que os culpados sejam detidos e levados à justiça e reafirma a sua confiança nas instituições moçambicanas para atingirem nos melhores prazos esse resultado".

Apresentando condolências à filha e aos pais de Cistac, o comunicado refere que a escolha do académico em viver em Moçambique e adquirir a nacionalidade moçambicana é "uma prova do seu apego a este país e ao seu povo", que beneficiou de "todos os seus conhecimentos jurídicos para várias gerações de estudantes".

O constitucionalista moçambicano Gilles Cistac, 53 anos, foi assassinado a tiro hoje de manhã por desconhecidos, à saída de um café no centro de Maputo.

Cistac foi transportado ainda com vida para o Hospital Central de Maputo, onde acabou por morrer cerca das 13:00 locais.

A polícia disse que segue a pista de quatro suspeitos, três negros e um branco, e que foi este último quem abriu fogo contra Cistac.

Na semana passada, o académico anunciou que ia processar um homem que, através do Facebook e com o pseudónimo Calado Kalashnikov, acusou Chistac de ser um espião francês que obteve a nacionalidade moçambicana de forma fraudulenta.

O académico de origem francesa é um dos principais especialistas em assuntos constitucionais de Moçambique e, em várias ocasiões, manifestou opiniões jurídicas contrárias aos interesses do Governo e da Frelimo, partido no poder.

Em entrevistas recentes, Cistac considerou que não há impedimentos jurídicos à pretensão da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) de criar regiões autónomas no país, contrariando declarações opostas de quadros da Frelimo.

O Governo moçambicano considerou o atentado "um ato macabro" e espera que os autores sejam "exemplarmente punidos", enquanto a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição, afirmou que o académico foi vítima de "perseguição política" motivada pelas suas posições recentes.

A Lusa tentou ouvir a Frelimo, mas ainda não obteve resposta.

Várias personalidades expressaram ao longo do dia choque com a notícia da morte de Cistac e, na tarde de hoje, várias pessoas colocaram flores no muro da Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, onde o académico lecionou as cadeiras de Direito Constitucional e Direito Administrativo.

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