Há um país que treina as pessoas para emigrar

Todos os anos, nas Filipinas, milhares de pessoas aprendem em programas apoiados pelo governo ofícios com o intuito de arranjar empregos noutros países. O país é uma das economias asiáticas que mais rapidamente está a crescer, mas não há empregos para todos.

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Notícias Ao Minuto
09/03/2015 12:04 ‧ 09/03/2015 por Notícias Ao Minuto

Mundo

Filipinas

A ideia de que o Governo de Passos Coelho apoiou a emigração ficou ‘colada’ à imagem do Executivo.

Para tal contribuíram sugestões de países de língua portuguesa com “uma grande necessidade ao nível do ensino”, referidos por Passos Coelho em dezembro de 2011, numa altura em que se falava de professores sem colocação, mas principalmente as palavras de Alexandre Mestre, secretário de Estado da Juventude e Desporto, dois meses antes, que foi perentório: "se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras".

Mas de Lisboa até Manila, capital de Filipinas há um fenómeno em comum: a falta de emprego para muitas pessoas. Mas a chamada ‘fuga de cérebros’ portuguesa difere deste caso asiático.

Uma reportagem da BBC nas Filipinas conta-nos como o governo local criou escolas que, todos os anos, ensinam dezenas de milhares filipinos em ofícios tão distintos, desde empregadas de limpeza até mecânicos, jardineiros e motoristas, com um propósito expresso: conseguirem emprego de longa duração num país estrangeiro.

Para o governo das Filipinas esta é uma situação positiva: evitam custos para a máquina do Estado com desempregados, ao mesmo tempo que vão recebendo divisas enviadas, em moedas estrangeiras, um fluxo de capital que é um dos ‘pulmões’ da economia do país. Neste momento, haverá já 10 milhões de filipinos a viver no estrangeiro.

À BBC, Maria, uma das formadoras destes programas governamentais, realça que tem muito “orgulho” do trabalho que se faz nestas escolas. “Somos heróis nacionais”, diz mesmo, mas quando o jornalista Evelyn, uma das alunas, sobre a dificuldade de alguém que tem de deixar a família e o país que conhece para trás, a resposta surge como sentença: “não temos escolha”.

Neste momento, um dos setores em maior crescimento nas Filipinas é o dos serviços de call-center. O país está a ganhar terreno à própria Índia e entre as empresas que têm transferido para ali serviços de atendimento contam-se precisamente empresas britânicas. Alguns call-centers já se podem dar ao luxo de contratar alguns dos seus melhores alunos universitários, para atenderem chamadas de clientes britânicos.

“Depois de terminarem a formação até ficam com o vosso sarcasmo britânico”, conta orgulhosa à BBC Dyne Tubbs, gerente da Transcom, que fornece este género de serviços. No entanto, mesmo este setor é frágil para garantir emprego num país em que um terço da população tem menos de 15 anos. E em que se espera que a população duplique nas próximas três décadas, passando dos 100 milhões para os 200 milhões de habitantes.

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