A decisão de introduzir o ensino bilingue nas escolas primárias moçambicanas foi divulgada pela diretora nacional do Ensino Primário, Antuía Soverano, durante o Seminário de Revisão Linguística dos Planos Analíticos do Ensino Bilingue, que está a decorrer na capital moçambicana.
"O ensino primário pode ser lecionado monolingue e também na modalidade bilingue, onde as crianças começam o processo de socialização e aprendizagem na sua língua materna e depois têm a transição para a língua de instrução após consolidarem os conhecimentos e capacidades na sua própria língua", afirmou Soverano, explicando as vantagens da introdução do sistema bilingue.
Com a inovação, assinalou a fonte, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, pretende melhorar os resultados no ensino primário, promover a interação na escola e agilizar o processo de socialização dos alunos.
Antuía Soverano afirmou que estão a ser preparados instrumentos de apoio aos professores, para a implementação do ensino bilingue, nomeadamente a produção de materiais de ensino nas línguas locais.
A utilização das 16 línguas nativas de Moçambique, ao lado da língua portuguesa, no ensino primário, irá traduzir a expansão deste modelo, uma vez que o ensino bilingue já tinha sido introduzido a título experimental em algumas escolas do país.
O novo modelo implica que cada escola primária lecione na língua nativa mais falada na comunidade em que está inserida, em paralelo com português.
Vários estudos sobre o ensino primário têm apontado o uso de português como uma barreira à assimilação dos conteúdos, uma vez que a maioria das crianças moçambicanas não tem o português como língua materna.