Meteorologia

  • 18 NOVEMBER 2024
Tempo
14º
MIN 13º MÁX 19º

Andrea, oposicionista lusodescendente, descreve "regime fascista"

A lusodescendente Andrea Tavares, dirigente do partido de oposição Alternativa 1, não tem dúvidas em classificar o regime político que governa a Venezuela, liderado por Nicolás Maduro: "É fascismo".

Andrea, oposicionista lusodescendente, descreve "regime fascista"
Notícias ao Minuto

10:55 - 12/04/15 por Lusa

Mundo Venezuela

"As pessoas não compreendem que é uma grande burla, um governo autoritário que mantém a população num baixo nível educativo, mantém as pessoas ignorantes, que pode dominar de forma mais fácil", explica a dirigente partidária.

Fala num sistema educativo paralelo orientado ideologicamente, em que "as pessoas repetem frases feitas, como 'Pátria, Socialismo ou Morte'".

Andrea vê no atual regime "um processo de alienação injetado através das missões, de programas do governo, tudo está indexado a um pensamento único. Isto tem um nome: é fascismo".

A dirigente da Alternativa 1 diz estar muito desiludida com a vida política no seu país, e nem sequer tem muitas esperanças de que as coisas possam mudar para melhor. Porque, diz, a política na Venezuela faz-se com forte polarização, e coloca as pessoas entre dois muros.

"A ideia de que duas pessoas podem ter opiniões distintas, podem sentar-se a conversar a discutir ideias e são amigos, na Venezuela não pode acontecer. Temos casos de famílias partidas, porque se há uma pessoa que simpatiza com o governo e outra não, o ódio acaba por vingar", afirma a política entrevistada pela agência Lusa em Caracas.

Fazer oposição na Venezuela é complicado. Há exemplos variados, mas um é mesmo caricato.

Um partido pode mesmo ser extinto se se torna incómodo demais. Aconteceu com Andrea: "Eu fiz parte de um partido que apoiou Hugo Chávez e quando decidimos não apoiar mais apareceu num tribunal um requerimento de pessoas que diziam que eram do partido e o tribunal entregou o partido a essas pessoas..."

Na Venezuela, os partidos estão sempre sob a ameaça de desaparecer. Para se formar uma força política, tem de se cumprir certos passos constitucionais, mas "quando chega à comissão eleitoral para se definirem os símbolos, os nomes, etc... não há resposta. Há dois anos que há uma lista enorme de partidos à espera de autorizações".

"Esta é outra forma de impedir os partidos políticos", explica a lusodescendente.

"Fui vereadora na Venezuela, estive em aliança com o partido do governo. Respeitaram os meus direitos enquanto conselheira. Quando assumi uma posição forte contra este governo foi-me impedido um direito que é o de ser presidente ou vice-presidente de uma comissão. Deixei até de ter acesso ao edifício da câmara municipal. Nem sequer tive direito à palavra na câmara", relata.

Mas há outros casos mais conhecidos, com o de Maria Corina Machado que, por ter aceitado o uso de palavra num organismo internacional, acusaram-na de delito de traição e retiraram a imunidade parlamentar e foi proibida de entrar no Parlamento Nacional.

"Tem havido muitos casos em que se retira a imunidade parlamentar. Mas temos ainda os presos políticos. Temos quem seja perseguido por grupos armados. Esta polarização que nos arrasta para um abismo está a trazer muita intolerância."

Até na campanha eleitoral o político sente toda a pressão. "Se queremos ir em campanha eleitoral a um local que tem grupos armados, não podemos entrar. E sabemos que há lá pessoas que te querem ouvir", afirmou.

Andrea Tavares recorda as últimas presidenciais, em que acompanhou um candidato, "chegou um grupo motorizado, com caras cobertas, homens armados, 300 homens, estavam ali muitas senhoras, idosos, crianças..."

Num caso até um deputado foi atingido por balas. "São pequenos exemplos de como é difícil fazer aqui política", conta.

Como o caso de uma jovem que está presa por ter colocado uma mensagem no Twitter . "É uma rapariga que escreve muitas coisas no Twitter. Escreveu que não reconhece este presidente. Que o poder é ilegal. E está presa. Por conteúdo que o governo não gostou de ver", exemplificou.

Sobre Maduro, Andrea Tavares fala em burla. "Diz sempre o mesmo todos os dias. As pessoas gozam muito porque comete muitos erros de gramática. Mas eu às vezes penso que faz de propósito, não pode ser tão frequente. Eu conhecia-o antes e não falava assim", disse.

Andrea fala num país onde praticamente já não há um órgão de comunicação social livre, uma vez que os principais meios foram comprados por "'testas de ferro' do regime", denuncia.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório