ONU receia aumento de mortes no Mediterrâneo por falta de meios

A porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no sul da Europa, Carlotta Sami, afirmou hoje que o número de mortos no Canal da Sicília está condenado a aumentar com a chegada do bom tempo e devido à falta de meios.

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Lusa
20/04/2015 09:31 ‧ 20/04/2015 por Lusa

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Balanço

Em declarações ao canal de televisão Skytg24, Carlotta Sami disse que, segundo os testemunhos dos sobreviventes dos recentes naufrágios, pelo menos 1.650 imigrantes morreram na tentativa de cruzar o Mediterrâneo para alcançar a costa italiana, 400 na semana passada e cerca de 900 no último sábado.

A porta-voz do ACNUR considera que o número está condenado a aumentar, já que com chegada do bom tempo multiplicar-se-ão as saídas de imigrantes a partir das costas da Líbia.

"Além disso, as guerras continuam e os esforços não aumentam", pelo que, infelizmente, estas tragédias poder-se-ão repetir, afirmou.

O diretor do ACNUR na Europa, Vincent Cochetel, sublinhou numa entrevista publicada hoje pelo jornal italiano La Repubblica que se trata de uma "tragédia anunciada" devido à insuficiência de meios.

Mesmo assim, apontou que o número de mortos em apenas quatro meses é quase metade do balanço do cômputo do ano passado (3.500).

O ACNUR aguarda a chegada ainda hoje a Catânia, na ilha de Sicília, de 27 dos 28 sobreviventes do naufrágio de sábado, que atualmente se encontram em Malta. A embarcação da guarda-costeira italiana com os imigrantes resgatados e com os 24 corpos recuperados das águas alcançaram hoje o porto de La Valleta.

Sami explicou que a agência da ONU espera poder falar com os imigrantes para conhecer mais detalhes, nomeadamente sobre as nacionalidades, bem como sobre as condições em que foi feita a travessia e as circunstâncias do próprio naufrágio.

Outro imigrante resgatado com vida, oriundo do Bangladesh, foi transferido, este domingo, de urgência, via helicóptero, para Catânia, devido às suas condições de saúde.

Este imigrante relatou que a bordo da traineira que naufragou a 70 milhas da costa líbia e a 120 da ilha italiana de Lampedusa viajam 950 pessoas, incluindo 40 a 50 crianças e cerca de 200 mulheres.

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