Europa tem sido "desatrosamente ineficaz" no Mediterrâneo

A Caritas Europa mostrou-se hoje consternada com o naufrágio que no sábado matou 700 pessoas no Mediterrâneo, considerando que a atuação da União Europeia tem sido "desastrosamente ineficaz" e que "é preciso mais Europa" naquela região.

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Lusa
20/04/2015 14:26 ‧ 20/04/2015 por Lusa

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"A Caritas Europa está consternada com a tragédia de pesadelo que teve lugar ao largo da costa da Líbia no último sábado e teme que esta enésima demonstração da inviabilidade moral da 'Europa Fortaleza' esteja a matar o projeto europeu baseado na solidariedade e na defesa da dignidade de cada ser humano", adianta a organização em comunicado.

"A abordagem europeia à imigração, focada na segurança e no controlo de fronteiras, é o que leva as pessoas desesperadas a pensarem que vale a pena recorrer a traficantes e a arriscar a vida", prossegue Caritas.

Para esta organização ligada à Igreja Católica, a Europa tem que substituir "a desastrosamente ineficaz" operação Triton por uma verdadeira operação de busca e salvamento que consiga melhorar os bons resultados da operação italiana ‘Mare Nostrum’, que terminou em outubro de 2014.

A Caritas lembra que desde o seu início em novembro de 2014, a operação Triton salvou 7.000 pessoas, enquanto a operação ‘Mare Nostrum’ salvou 140 mil imigrantes, em 12 meses.

Este ano já morreram no Mediterrâneo mais de 1.500 pessoas, 50 vezes mais do que no mesmo período do ano anterior, segundo a Caritas.

"A morte de mais de 700 pessoas que se viram trancadas no porão do navio e se afogaram no que podemos apenas imaginar como condições absolutamente terríveis vira os holofotes da culpa, não só sobre os traficantes sem escrúpulos que colocam essas pessoas no barco, mas sobre a União Europeia", reforçou.

Para o secretário-geral da Caritas Europa, Jorge Nuño Mayer, citado no comunicado, "cada nova tragédia com imigrantes no Mediterrâneo e a forma como a Europa lida com as suas causas contribui para a erosão do projeto europeu nas mentes daqueles que nele acreditam".

Jorge Nuño Mayer cita o Papa Francisco para afirmar que "não podemos permitir que o Mediterrâneo se torne num vasto cemitério".

Por isso, a Caritas reclama, entre outras medidas para ajudar a resolver o problema dos imigrantes, a abertura da canais "seguros e legais" de entrada na União Europeia, a criação de um visto humanitário, a facilitação da reunificação familiar de refugiados e migrantes ou o alargamento dos programas de admissão humanitários.

Depois do naufrágio de sábado, em que morreram 700 pessoas, já hoje registaram-se mais dois acidentes com barcos que transportavam imigrantes que causaram um número ainda indeterminado de mortos.

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