"Os sete autocarros que foram mobilizados estão a sair da África do Sul neste momento [12:30 locais, menos uma hora em Portugal] e provavelmente dentro de oito horas chegam ao centro de acomodação de Boane", disse Fernando Manhiça, diretor para os Assuntos Jurídicos e Consulares do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moçambique.
Desde que os ataques contra estrangeiros eclodiram na África do Sul, há cerca de duas semanas, mais de 600 moçambicanos refugiram-se em centros de acomodação temporária, dos quais 107 regressaram a Moçambique, a maioria já encaminhados para as suas zonas de origem.
De acordo com Fernando Manhiça, as autoridades moçambicanas esperavam na terça-feira a chegada de outro grupo, composto por quase 180 pessoas, mas, entretanto, devido aos procedimentos migratórios exigidos pelas autoridades sul-africanas, a viagem foi adiada para hoje.
"Há alguns procedimentos obrigatórios que os repatriados devem observar, que acabaram atrasando o processo. Mas os dois grupos devem chegar hoje", disse Fernando Manhiça, referindo que o número total é de cerca de 400 pessoas.
Segundo o diretor para os Assuntos Jurídicos e Consulares do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, nas últimas horas, o número de moçambicanos que procuram os centros de acomodação na África do Sul baixou, em consequência do aparente regresso à calma nos subúrbios das principais cidades sul-africanas.
"Algumas pessoas começaram até a abandonar os centros de acomodação. Dos dados que temos, o número de moçambicanos que andam nos centros agora rodam os 60 a 70", declarou, lembrando que há pessoas que queriam voltar, mas, depois de observarem a aparente calma, decidiram ficar no país.
O porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique, Mouzinho Saíde, indicou na terça-feira que mais de 1.500 moçambicanos regressaram ao seu país através de meios próprios devido à crise de violência xenófoba na África do Sul.
Na sexta-feira, outros 107 moçambicanos chegaram ao centro de trânsito de Boane, na província de Maputo, em dois autocarros disponibilizados pelo Governo moçambicano.
Para fugir dos altos índices de pobreza em Moçambique, a população, principalmente a mais jovem das zonas rurais do sul do país, emigra ilegalmente para a Africa do Sul, à procura de melhores condições de vida no país vizinho e uma das economias mais avançadas de África.
A vaga de violência teve início após declarações atribuídas ao rei zulu, Goodwill Zwelithini, convidando os estrangeiros a fazer as malas e a partir e que o próprio disse entretanto, no auge da crise, ter sido mal interpretado.