Hoje trazemos-lhe a história da ativista freelance, como se apelida, que há dias causou o pânico durante uma conferência de imprensa do Banco Central Europeu, ao atirar a Mario Draghi uma chuva de papelinhos.
O seu nome é Josephine Witt, é responsável pelo ‘confettigate’, tem 21 anos, estuda filosofia. É natural de Hamburgo e filha de uma fisioterapeuta e de um empresário. Em entrevista ao Observador conta as motivações subjacentes ao seu ‘ataque’.
Com um par de frases-chave, a jovem ativista explica que “não queria dar a hipótese a Mario Draghi de ouvir ou não” e que esta foi a forma que encontrou para demonstrar que não concorda com o método como são escolhidos os líderes de instituições europeias que nos representam a todos.
“Temos de deixar de acreditar na retidão dos nossos líderes ilegítimos”, argumenta, acrescentando pouco depois que a sua forma de “protesto é conseguir quebrar a rotina de mentiras”, e que foi isso que pretendeu quando, depois de passar por diversas barreiras de segurança, deixou Draghi ‘aos papéis’.
“Eu sabia que, caso os fotógrafos conseguissem capturar a sua expressão facial, o protesto tornar-se-ia viral. Essa era a minha missão para aquele dia e soube bem ter conseguido cumpri-la. A minha forma de protesto é conseguir quebrar a rotina de mentiras e preenchê-la com um momento de verdade”, salienta.
“Pode soar a radical para si, mas posso ver claramente quantos de nós estamos presos a uma forma de pensar que aceita lideres não autorizados e assim trai os nossos valores democráticos mais básicos mesmo sem dar conta disso”, explica a estudante de filosofia.
Sobre a Grécia, esta jovem tem uma posição bastante sedimentada. Witt acredita que o ‘buraco grego’ não tem solução e “a realidade é que não vão receber o dinheiro de volta porque a maior parte nem sequer chegou à economia grega, foi diretamente para as mãos dos banqueiros”, lamenta, argumentando que o importante são as pessoas.
“Isto não é apenas um jogo de números, por trás dos números estão vidas. Há vidas postas em causa porque a Grécia não consegue pagar tratamentos a pessoas com cancro, por exemplo. Em vez disso, estão ocupados [os líderes europeus] a construir uma narrativa que divide países do norte de países do sul espalhando estereótipos racistas que nada têm a ver com a realidade”, conclui Josephine.