Israelitas protestam em Telavive contra a violência policial
Milhares de israelitas de origem etíope manifestaram-se hoje no centro de Telavive contra a violência policial e a discriminação institucionalizada, revela a agência France-Presse (AFP).
© Reuters
Mundo Etiópia
A manifestação tem lugar três dias depois de uma iniciativa semelhante em Jerusalém, organizada após a ampla divulgação, pela imprensa israelita, de um vídeo que mostra dois agentes da polícia a agredir um soldado etíope em uniforme militar.
Hoje, centenas de outros israelitas apoiaram os manifestantes - alguns dos quais marcharam com as mãos levantadas e os pulsos cruzados, simulando algemas - empunhando cartazes onde se lia "A polícia violenta deve estar na cadeia" e "Exigimos igualdade de direitos."
"Eu sou negro, tenho de protestar hoje", disse Eddie Maconen, de 34 anos, à AFP, acrescentando: "Nunca experimentei pessoalmente a violência policial, mas ela afeta a minha comunidade".
De acordo com Maconen, que chegou da Etiópia há três anos, os manifestantes querem que os agentes violentos sejam julgados.
"Eles têm 100% de razão. [Israel] é um país racista e nós não aceitamos isso", declarou Zion Cohen, que se juntou à manifestação para apoiar a iniciativa dos seus compatriotas de origem etíope.
A polícia não conseguiu impedir os manifestantes de bloquearem uma estrada, causando um grande engarrafamento, mas não se registaram confrontos.
Em Jerusalém, os protestos degeneraram em confrontos entre manifestantes e a polícia, com três agentes e 10 manifestantes feridos.
Quando o protesto teve início, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, divulgou um comunicado em que afirma ir encontrar-se segunda-feira com Damas Pakada, o soldado agredido, e com outros representantes da comunidade etíope.
Mais de 135.000 judeus de origem etíope vivem em Israel, sendo descendentes de comunidades de outros judeus que as autoridades religiosas de Israel só tardiamente reconheceram como membros da fé judaica.
Esta decisão levou à organização de duas pontes aéreas, uma em 1984 e outra em 1991, e à emigração de 80.000 destes judeus para Israel, onde se viram forçados a superar um enorme fosso cultural, tendo uma difícil integração na sociedade israelita.
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