Cartoonista do Charlie Hebdo conta a sua vida após massacre

Luz, um dos cartoonistas do Charlie Hebdo que sobreviveu ao ataque terrorista de janeiro passado àquele jornal satírico francês, publicou hoje um álbum em que relata a sua vida depois do massacre.

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© Reuters

Lusa
21/05/2015 11:39 ‧ 21/05/2015 por Lusa

Mundo

França

Intitulado 'Catharsis', o álbum espelha algumas das dificuldades enfrentadas pelo cartoonista depois do ataque de ativistas muçulmanos à redação do Charlie Hebdo, que provocaram 12 mortos, como os pesadelos ou a escolta policial que o acompanha até à cama.

Luz, cujo verdadeiro nome é Renald Luzier, desenhou o número do Charlie Hebdo que se seguiu ao massacre e ao qual chamou "uma questão de sobrevivência", fazendo uma representação do profeta Maomé sob o título "Tudo é perdoado!".

No cartoon de capa, o profeta segura um cartaz a dizer "Je Sui Charlie" ("Eu Sou Charlie"), numa mensagem de pedido de apoio ao jornal satírico e que se tornou viral como um símbolo da liberdade de expressão. Após este número, Luz anunciou que nunca mais desenharia o profeta.

"Um dia, a capacidade de desenhar deixou-me, ao mesmo tempo que um monte de amigos", escreveu Luz, no prefácio do seu livro, fazendo referência ao horror dos acontecimentos de 07 de janeiro, desabafando: "A única diferença foi que ela [a escrita] voltou pouco a pouco".

No início desta semana, o cartoonista anunciou que iria deixar o jornal, mas negou que a sua saída esteja ligada a problemas internos que surgiram depois do ataque.

Antes do atentado terrorista, o jornal passava por algumas dificuldades financeiras, com uma tiragem semanal de cerca de 30.000 exemplares, mas o número após a tragédia acabou por vender cerca de oito milhões, o que constituiu um recorde na imprensa francesa, e foi inundado por donativos.

Contudo, os funcionários entraram numa disputa acesa sobre como usar o dinheiro, com algum do pessoal editorial a acusar a administração de não ser transparente acerca dos seus planos para o semanário satírico.

Quinze dos vinte trabalhadores da revista, incluindo Luz, foram chamados em abril passado para serem informados que passaria m a ser accionistas do Charlie em partes iguais.

A administração informou-os que 4,8 milhões de euros foi o valor dos donativos feitos por cerca de 36 mil pessoas, de 84 países, destinado às vítimas do atentado terrorista.

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