O encerramento das escolas, uma das medidas de emergência adotadas pelas autoridades para travar a propagação do vírus, provocou um aumento dos casos de trabalho infantil, gravidezes de adolescentes e exposição à violência nas comunidades, indica um estudo das ONG intitulado "Avaliação da recuperação infantil face ao Ébola", que reúne testemunhos de mais de 1.000 crianças com idades entre os sete e os 18 anos, de diferentes distritos da Serra Leoa, onde mais de 3.500 pessoas morreram devido ao vírus Ébola.
"As meninas são especialmente vulneráveis nas suas comunidades, sobretudo aquelas que perderam os familiares devido ao Ébola e algumas delas veem-se obrigadas a recorrer à via sexual para assegurarem as suas necessidades básicas, como a alimentação", refere o documento.
"Algumas das nossas amigas são violadas quando têm que caminhar muito para conseguirem água", relatou um jovem citado no estudo.
O encerramento dos centros educativos, que reabriram nos finais de março, provocou um atraso na escolarização de cerca de 1,7 milhões de crianças, levando as organizações Save The Children, Plan International e World Vision International a pedirem às autoridades do país que assegurem o acesso à educação para todas as crianças e que concedam ajuda àqueles que perderam os familiares durante a epidemia, especialmente aos órfãos.
A Serra Leoa mantém a emergência sanitária no país para pôr cobro à epidemia que, conforme assegurou a Organização das Nações Unidas recentemente, estava perto de ser derrotada.
Desde o início do surto deste vírus, há mais de um ano, confirmaram-se mais de 27 mil casos e mais de 11 mil mortes pela doença, a maioria na Serra Leoa, Libéria e Guiné Conacri, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.