Mariano Rajoy tornou-se hoje o primeiro líder europeu a apoiar abertamente a renúncia do governo de esquerda radical na Grécia, ao apelar aos gregos para aceitarem as medidas de austeridade no referendo de domingo.
Rajoy disse que a vitória do "sim" no referendo seria boa para a Grécia, porque permitiria aos credores negociar com um novo governo em Atenas.
"Se (o primeiro-ministro grego) Alexis Tsipras perder o referendo, seria o melhor para a Grécia, porque ao dizer "sim" à manutenção na zona euro, o povo grego permitiria que negociássemos com outro governo", disse Rajoy à rádio Cope.
Em caso de vitória do "não", a "Grécia não terá outra alternativa a não ser abandonar o euro", afirmou Rajoy, cujo partido enfrenta atualmente a ascensão rápida em Espanha do novo partido de esquerda radical ´Podemos`, um aliado próximo do Syriza, liderado por Tsipras.
Em Itália, o primeiro-ministro Matteo Renzi afirmou que as reformas estruturais, adotadas por Roma, colocam o país "fora da linha de fogo" das consequências da crise da dívida na Grécia.
"Nós adotamos com coragem o percurso das reformas estruturais, a economia está em processo de retoma e sob a proteção do ´guarda-chuva` do Banco Central Europeu", disse Renzi citado pelo diário económico Il Sole 24 Ore, sobre o efeito de contágio da crise grega às outras economias sobre-endividadas da zona euro, em 2011.
Com o risco de contágio da crise grega aos membros da zona euro a não constituir mais uma ameaça, Renzi afirmou que a "preocupação não acaba em Itália, e diz respeito agora aos cenários de dificuldades global que poderão surgir".
Questionado sobre a posição dura da Alemanha nas negociações do Eurogrupo que terminaram com a recusa em alargar o programa de resgate da Grécia, Renzi disse que qualquer esforço em culpar Berlim pela situação "é um álibi conveniente que não corresponde à realidade".
"Agora, o risco é que o referendo se torne numa escolha entre (a chanceler alemã Angela) Merkel e Tsipras. Isso seria um erro, e é o que Tsipras quer. Não é por coincidência que a vitória do Syriza nas eleições se deveu mais a falar da senhora Merkel do que da Grécia", acrescentou.
Por outro lado, o ministro austríaco das Finanças, o democrata Jörg Schelling, disse hoje em Viena que a decisão de não prolongar a ajuda à Grécia é uma "espécie de golpe de libertação", para o Eurogrupo.
Em declarações proferidas antes de participar numa reunião do conselho de ministros, Schelling confirmou que o Eurogrupo continua "aberto" a novas negociações com Atenas, mas advertiu que a situação se "desorientou".